São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Íris diz que vai representar donas-de-casa
RAQUEL ULHÔA
Com um discurso emocionado, feito de improviso, a ex-primeira-dama de Goiás empolgou os convencionais do PMDB que a elegeram ontem candidata a vice-presidente pelo partido. Durante o discurso, Íris disse que "a nação está doente, com a saúde moral corroída" e que "o Brasil não aguenta mais a paralisação, a imobilidade e precisa de gente como Quércia". Propôs que o governo de Quércia realize mutirões para construção de casas populares, como os que foram feitos em Goiás, por seu marido, o ex-governador Íris Rezende. "Eu não tinha entendido a escolha. Agora, depois de ouvi-la, entendi", afirmou o deputado Walter Pereira (MS). Ignorando o marido da candidata, que ficou o tempo todo ao seu lado, o deputado José Dutra (PMDB-AM) abraçou-a e disse: "Você ganhou duas eleições: a de vice e a de miss. Estamos encantados". Quércia deixou claro que Íris foi escolhida sua companheira de chapa, em primeiro lugar, "por ser uma dona-de-casa". Depois, "por ser atuante, experiente e companheira da velha guarda do PMDB. Ela é do tempo do MDB". Íris disse ter 30 anos de experiência política, embora nunca tenha ocupado nenhum cargo público, sempre acompanhando o marido e à frente de projetos assistencialistas. Por ser evangélica, a candidata admitiu que sua escolha deverá influenciar o voto desse segmento religioso. Disse que é hora de os políticos "darem a mão para Deus". Assédio A candidata chegou ao Centro de Convenções "Ulysses Guimarães" com o marido, Íris, Quércia e sua mulher, Alaíde. Até então praticamente uma desconhecida, não foi assediada. Após discursar de improviso, gesticulando muito e dirigindo-se principalmente à "população sofrida" do país, precisou de dez seguranças em volta dela. Os convencionais disputavam um lugar a seu lado para tirar uma foto, cumprimentá-la e oferecer apoio. Íris recebeu flores e distribuiu sorrisos e abraços. O ex-governador disse à Folha que estava vivendo "uma experiência diferente", tendo um papel secundário ao de sua mulher, pela primeira vez. "Mas não tenho ciúme", afirmou. A candidata disse que "vice é vice e tem que se enxergar como tal". Porém, afirmou que vai lutar por um papel atuante no governo –e na campanha–, principalmente em busca da unidade dentro do partido. Texto Anterior: Apoio a Itamar divide partido Próximo Texto: Quércia faz críticas a FHC, Lula e Itamar Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |