São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Quércia faz críticas a FHC, Lula e Itamar

LUCIO VAZ; GUSTAVO KRIEGER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PMDB a presidente da República, ex-governador Orestes Quércia (SP), iniciou ontem a campanha com um discurso agressivo contra seus principais adversários.
Chamou Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de "dócil serviçal dos ricos" e disse que o PT, "pelo seu radicalismo fascista, movido pelo ódio e pela insensatez, jamais poderia unir a sociedade".
Atacou também o governo Itamar Franco: "Hoje nós somos uma nau sem rumo, sem comando, sacrificados por um governo pequeno, rasteiro e incompetente. Precisamos de força, de comando, de direção".
A Convenção Nacional que homologou a candidatura de Quércia e elegeu Íris Machado candidata a vice-presidente teve um clima de otimismo e entusiasmo.
Quércia foi recebido por mais de duas mil pessoas no auditório do Centro de Convenções de Brasília.
A coordenação da campanha de Quércia diz que oito mil pessoas foram à convenção.
Íris Machado, mulher do ex-governador Íris Rezende (GO), também entusiasmou os militantes e os líderes do partido, apesar da sua inexperiência administrativa.
A cúpula do PMDB esteve presente e apoiou Quércia, embora preferisse um candidato que pudesse unir mais o partido. O senador José Sarney não compareceu.
A convenção teve 348 votos, equivalentes a 66,9% dos 520 votos possíveis. Quércia foi escolhido por aclamação, referendando o resultado das prévias de domingo passado.
A votação foi apenas para homologar a candidatura a vice de Íris Rezende. Ela obteve 347 dos 348 votos.
Na tentativa de minimizar o peso dessas dissidências, a direção do partido promoveu o pronunciamento do prefeito de Pelotas (RS), Irajá Rodrigues, que manifestou apoio a Quércia.
Em entrevista, Quércia afirmou que irá ao Rio Grande do Sul e que vencerá a eleição no Estado.
Rodrigues disse que o candidato tem o apoio da maioria dos prefeitos gaúchos.
Mas Quércia terá que superar dissidências e desmobilização em vários Estados. A principal tarefa será buscar o apoio de Sarney, que tem preferências pelo candidato do PSDB, Fernando Henrique.
Há também desmobilização em Minas Gerais e em alguns Estados do Nordeste, como Rio Grande do Norte, Alagoas e Maranhão.
As principais lideranças do PMDB de Pernambuco, como o prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos, já deixaram o partido.
Quércia enfatizou no seu discurso o caráter desenvolvimentista do seu programa de governo. "Nosso primeiro objetivo: empregos. Nosso segundo objetivo: empregos. Nosso terceiro objetivo: empregos. Nosso maior objetivo: justiça social".
O candidato do PMDB denunciou o uso do plano econômico do governo com objetivos eleitorais. "vincular a economia ao estrito calendário eleitoral é uma irresponsabilidade que nunca se viu na história do país".
Ele acrescentou que "certamente o tiro vai sair pela culatra e o crime não beneficiará o criminoso. A paralisação da indústria e o desemprego ameaçarão o país".
Ao atacar FHC, disse que a candidatura do PSDB "nasceu dos oligopólios, dos banqueiros, dos sanguessugas que jamais abrirão mão de seus privilégios em favor da arrrancada de que o Brasil precisa".

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