São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Drogas podem causar lesões irreversíveis

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fratura de nariz, abuso dos descongestionantes nasais e gripes são, nessa ordem, as principais causas de perda da olfação.
Os dados são do otorrinolaringologista Sérgio de Paula Santos.
As fraturas podem alterar o fluxo de ar, impedindo que chegue até a mucosa olfativa. Podem também causar lesão permanente das estruturas do olfato.
O abuso dos descongestionantes interfere na estrutura da mucosa e dos receptores. A perda pode ser irreparável.
As gotas do medicamento -composto de corticóide ou de substâncias que contraem os vasos de sangue do nariz- alteram a irrigação para as células da região.
No caso ds gripes e rinites, na maioria das vezes os cheiros voltam a ser sentidos quando a pessoa melhora.
Alguns vírus responsáveis por simples gripes podem destruir a mucosa e causar uma lesão irreversível. É uma causa rara.
Locais com baixa umidade, como ambientes com ar-condicionado, ressecam a mucosa e dificultam a olfação.
Segundo Manoel de Nóbrega, desvio de septo –tecido que divide as narinas– e alterações anatômicas dificultam o encontro das moléculas de cheiro com os receptores da mucosa.
Inalação de cocaína é outro agressor. A droga mata as células do septo nasal, dificulta o fluxo de ar e predispõe a infecções.
Com o envelhecimento, a capacidade das pessoas de sentir cheiros pode ficar prejudicada.
Teste de olfato
Segundo Santos, é possível realizar um exame de olfatometria para checar como está a capacidade olfativa da pessoa. É usado um kit com 12 cheiros padronizados, como café, cigarro e amoníaco.
A pessoa diz se sente ou não o cheiro. Depois, tenta caracterizar se é forte, agradável ou irritativo. A última etapa consiste na identificação do produto.
Com base nas respostas obtidas, o médico faz gráficos que quantificam como está o olfato.
(JB)

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