São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Detex tenta resistir às mudanças no mercado

Estréia do real anima a empresa fundada em 1953

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Detex, que comercializa as marcas Deblu, Lucienne Phillip e Nineteen, é uma das confecções mais tradicionais do país que resiste às transformações no mercado têxtil brasileiro.
Joseph Davidowicz, 60, que fundou a empresa com o pai em 1953, ao chegar da Polônia, conta a história da sua confecção, localizada no Brás, bairro de São Paulo.
Ela nasceu para produzir camisas infantis. Depois vieram os pijamas e as camisas masculinas "volta ao mundo", feitas de tecidos de fibras artificiais.
O sucesso delas, porém, foi curto por aqui. O tecido é próprio para clima frio.
Em 1967, a Detex decidiu fazer uma reviravolta no seu mix de produtos. Passou a fazer roupas exclusivamente para mulheres. E não parou mais.
Até meados da década de 80, a estratégia foi muito bem. O prédio onde está até hoje, de 6.000 metros quadrados, chegou a ficar totalmente ocupado.
Cerca de 600 funcionários operavam 400 máquinas para fabricar entre 45 mil e 50 mil peças/mês. O auge da empresa foram os anos de 1985 e 1986.
Após esse período, no entanto, as vendas foram caindo, a receita minguando, e, até hoje, a empresa não mais voltou a operar nos níveis da metade da década de 80.
Davidowicz, diretor-presidente da Detex, que chegou ao Brasil com 18 anos, ainda tem esperanças de voltar a fazer a sua confecção operar no mesmo ritmo dos melhores anos da sua empresa.
Hoje, a Detex tem 150 máquinas em atividade e 220 funcionários. A produção está entre 18 mil e 20 mil peças/mês. A fábrica tem 40% de área ociosa.
O faturamento no ano passado foi de US$ 6 milhões. Davidowicz nem quer falar da receita da empresa nos anos de glória para evitar comparações.
"Mas não vendo nem alugo a área ociosa. Estou lutando firme e tenho esperanças de retomar a produção", afirma.
Ela exportava em torno de 30 mil a 100 mil peças por ano. Este ano não conseguiu fechar contratos no exterior. "Não somos mais competitivos."
Para ele, a exportação torna-se inviável para uma confecção que tem que arcar com altos encargos sociais, impostos, e muita burocracia.
Ele conta que nos últimos seis anos viu a rentabilidade da Detex despencar 70%.
Davidowicz se sente feliz por "não ter caído nas mãos dos bancos para pedir empréstimos. Muitas empresas que começaram com a Detex fizeram isso e hoje estão quebradas."
Nos seus cálculos, em dez anos, 12 mil empresas fecharam no Brasil. Isso representou a demissão de aproximadamente 1 milhão de pessoas.
A estréia da nova moeda do país, o real, anima Davidowicz. "Se a economia se estabilizar, como estamos esperando, o Brasil vai se arrumar."

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