São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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A corrida

CIDA SANTOS

Em pleno 94, ano de Mundial de Vôlei, as principais seleções não perdem tempo e já estão com os olhos lá na frente: na Olimpíada de Atlanta, em 96.
Na corrida para manter o império do campeão olímpico, o Brasil foi o primeiro a dar a largada com o projeto de trazer de volta ao país seus titulares que atuavam na Itália. Mas os outros países também estão mexendo os seus pauzinhos.
Na Itália, o técnico Julio Velasco se reuniu com dirigentes na semana passada para discutir justamente esse assunto. E fez reivindicações. Quer uma mudança de calendário. O que mais o preocupa é que a Olimpíada será disputada em julho de 96 e o campeonato italiano costuma terminar no final de abril.
O técnico diz que o tempo para treinamento dos jogadores com a seleção será muito pequeno e não vai dar para garantir uma boa campanha caso não haja mudança. Será que ele ganha esse braço-de-ferro com os clubes italianos?
Velasco citou até o exemplo do Brasil, que acertou com os seus titulares um contrato de dois anos –o tempo exato que falta até o início da Olimpíada– para voltarem a jogar em clubes do país. Está certo que nem todos os cinco repatriados ficaram totalmente contentes com a volta. Mas o certo é que com eles por aqui fica mais fácil fazer o programa de treinospara os Jogos de Atlanta. O Brasil não vai precisar ficar na dependência do calendário italiano.
A Rússia também procura reconstruir seu império. Os dirigentes já determinaram que os atletas não podem mais atuar em clubes estrangeiros até completarem 24 anos. É o caso de Valery Goriouchev, 21, da seleção russa. Ele atua no Dynamo de Moscou e só poderá jogar em um clube fora do país em 97.
Os EUA, que têm a pior campanha do grupo do Brasil na Liga, também têm seus planos voltados para Atlanta. É bom lembrar que a história às vezes se repete. Os norte-americanos não tinham tradição no vôlei e mesmo assim trabalharam para formar um time que pudesse ser campeão nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 84. Conseguiram muito mais que isso.
Em pouco mais de dois anos montaram um supertime que no período de 84 a 88 conquistou os principais títulos mundiais. Por isso, é bom levar a sério quando o técnico Fred Sturm diz que o seu trabalho é para os Jogos de Atlanta. Afinal a Olimpíada será novamente em terras americanas.

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