São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Segundo semestre tem festivais de rap e metal

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

É inverno, é URV versus Real, é Copa do Mundo e eleição. Não dá para não ter uma sensação muito esquisita de incerteza constante e otimismo difuso nesse outono que passa.
O negócio é desencanar. Já disse alguém coberto de razão que daqui para frente, imprevisibilidade é a regra do jogo.
Então vamos armando as coisas mais malucas e tudo bem. Quando sobrar um tempinho, a gente pensa no que vai ser quando crescer.

NOVA RECIFE?
O público está cada vez mais voraz. Nem bem começou a rolar uma história sobre Recife, já tem um papo sobre as "novas Recifes". Quer dizer, a "nova Seattle" –a cidade de onde vai vir o som que vai definir o lance todo. A conversa é aquela: Curitiba, Floripa, Brasília, interior rocker e/ou periferia rapper de São Paulo, blá-blá-blá.
Escuta, isso é ridículo. Acabou de sair o disco da Nação Zumbi e nego já está achando Recife "old news"? A cidade ainda tem muito o que render –Jorge Cabeleira (que periga estrear em CD logo logo), Cavalo do Cão (excelente demo), Devotos do Ódio, Eddie e mais uma pilha de gente. Sem falar no Mundo Livre S.A., que não acaba nunca de gravar –o Miranda diz que estão fazendo "o segundo Sgt. Peppers"'.

FESTIVAL METAL
O festival Monsters Of Rock é uma tradição do rock pesado. Acontece todo ano em Castle Donnington, na Inglaterra e reúne os maiores nomes do metal mundial –este ano tem Sepultura lá. Uma vez o Monsters Of Rock passeou também pelos EUA, encabeçado pelo Van Halen.
Agora é a vez do Brasil. Um promotor de shows com tradição na área heavy arma para agosto-setembro um megashow em São Paulo. Por enquanto, os escalados para o Monsters Brasil são Kiss, Slayer, Black Sabbath, Suicidal Tendencies e mais um brasileiro. Talvez, os Raimundos.
Legal, mas está desequilibrado. Dois dinossauros, um veterano thrash, um skate-punk, tudo bem. Falta alguém mais recente, ou ligado ao metal experimental –um Prong, Danzig ou Ministry da vida.

FESTIVAL MODERNEX
Espere também para agosto um evento na praia dance-rap-black, esse melê moderninho aí. Junta uma grande gravadora e uma confecção que nunca tinha associado sua imagem à música. No elenco: Jamiroquai, Culture Beat e Chico Science & Nação Zumbi. É São Paulo e Rio.
Junte esses shows ao próximo Free Jazz, cheio de jazz-rap, e prepare-se para um segundo semestre "black is beautiful". Que tal Pelé para presidente e Simone Moreno para primeira dama?

LUGARES
O Sub Club continua acertando. Outro dia, Planet Hemp, que também tocou no Aeroanta. Última sexta, Party Up, boa banda de festa e vagabundagem. Sei, sei, é cara a cerveja lá, e daí? Bebe antes e entra só para ver os shows, pô.
Enquanto isso, o mesmo Aeroanta começa a fazer noites Aerosamba. Caramba, o Aeroanta ainda é a casa paulistana onde todas as bandas do Brasil querem tocar. Entrar nessa onda de samba é a descaracterização máxima. O equivalente seria a Brasil 2000 começar a tocar Negritude Jr., porque "vende mais". Olha o marketing aí, rapaziada.

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