São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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EDDIE VEDDER

DA "SPIN"

O líder da banda Pearl Jam, Eddie Vedder, foi pego de surpresa pela repórter da revista Spin, Cindy Lamb. Ele fala sobre a vida dos adolescentes em cidades pequenas.
Há alguns dias, ele ameaçou largar a vida de pop star, porque já se diz "cansado" da fama, fortuna e showbiz.
O Pearl Jam é um grupo norte-americano, de Seattle, terra do grunge. Seus discos "Ten" e "Vs" foram sucesso no mundo todo. O principal hit do grupo é "Even Flow".

Pergunta – Estou procurando pelo empresário do Pearl Jam.
Eddie Vedder – Hum, ele não está aqui no momento. Quem fala é o Eddie.
Pergunta – (Com um frio na barriga e quase caindo das pernas) Oi. Estou ligando de uma pequena cidade no Kentucky. Queria mesmo era entrevistar você. Pode ser?
Eddie – Ah. Espere um pouco que o outro telefone está tocando. (A linha cai e a ligação é refeita. Eddie responde imediatamente.) Alô, Kentucky?
Pergunta – Gostaria de saber se você tem algum recado para a moçada do interior.
Eddie – Penso muito sobre o assunto. Em como as pessoas são diferentes em cidades pequenas.
A maioria pensa que o centro da cultura hedonista fica em Nova York e Los Angeles, onde as coisas mais estranhas acontecem.
Na verdade, quando você assiste programas de TV sobre personagens de cidades do interior, você acaba achando é que eles são estranhos.
Pergunta – São estereótipos.
Eddie – É verdade. Olhe, você está procurando por coisas verdadeiras. Elas não estão necessariamente em cidades grandes. Talvez, os garotos do interior não vivam as mesmas emoções de garotos da cidade grande. Mas no fundo, eles vivem outras experiências e acaba sendo a mesma coisa.
Pergunta – Seria melhor se esses adolescentes tivessem como enxergar por trás da "cortina verde". Às vezes é preciso andar quilômetros para encontrar revistas, CDs, instrumentos ou até roupas.
Eddie – Em algumas localidades pequenas, certos tipos de música ou revista, nunca serão obtidas. As pessoas das áreas rurais não têm acesso.
No fundo, tanto faz se você toca sua música para 20 pessoas em um rinque de patinação ou 20 mil no estádio. Você tem que ser verdadeiro.
Fico fascinado com as cartas de músicos que chegam de cidades pequenas –querem ou ser o peixão de uma pocinha ou transformar a pocinha em um lago.
As coisas mudaram desde que o grupo virou um peixão?
Eddie – As coisas sempre vão mudar. Então não resista. Quando você consegue essa resposta para sua música, não importa se você trabalha em um posto de gasolina ou consegue muito sucesso.
Quanto maior o prêmio, maior o problema. Mas mudança é algo que sempre tentamos rejeitar. Apesar disso não significa compromisso. É verdade que as coisas mudaram para o Pearl Jam, mas não começamos como uma banda mal-sucedida.
Sempre nos prendemos à nossa música e nossa crença. Nosso público mudou, cresceu. Agora mais pessoas nos conhecem. Há pouco tempo escreviam sobre a gente em revistas underground.
Agora somos considerados... "normais". Às vezes começo a acreditar nisso. Então me lembro daqueles sem acesso a nossa música e outros que nunca terão.
Pergunta – O que esperamos do mundo, além de música?
Eddie – Muito. É importante pensar que a cada dia que acordamos, estamos criando nossa memória. Temos que conseguir as melhores possíveis, mesmo que seja para um dia.
Encontre seus objetivos e vá em frente passo-a-passo. Sua felicidade e controle formam a felicidade. É trabalhoso e você tem que fazer tudo por você mesmo.

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