São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Palma de Ouro deve ficar com europeus

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Três cineastas europeus são os grandes favoritos para a Palma de Ouro do 47º Festival Internacional de Cannes, que termina hoje.
O polonês Krzyzstof Kieslowski, com "Três Cores: Vermelho", o italiano Nanni Moretti, com "Caro Diário", e o russo Nikita Mikhalkov, com o azarão "Queimado pelo Sol" devem dividir os principais prêmios da competição.
A ausência de sequer uma obra-prima acabada prepara o terreno para uma distribuição generalizada de prêmios. A irregularidade de "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, desarmou no sábado a última esperança.
Correndo por fora, ainda que não menos oscilante que o americano, "Queimado pelo Sol" teve uma calorosa acolhida no sábado.
O destino dos prêmios principais –a Palma de Ouro, o Prêmio Especial do Júri e o de melhor diretor– pode surpreender.
Uma forte pressão francesa tentou tornar "A Rainha Margot", de Patrice Chereau, um dos eventos do festival. O filme desagradou a crítica internacional, mas foi adotado pelos comentaristas e pelo público francês.
A França conta com três dos dez jurados, incluindo a vice-presidente Catherine Deneuve.
"Pulp Fiction" agradou, mas não empolgou. São dele, porém, alguns dos momentos de maior frescor fílmico da competição e Tarantino sai de Cannes como a nova estrela do cinema americano.
O filme de Giuseppe Tornatore ("Cinema Paradiso"), "Uma Pura Formalidade", foi surrado por quase toda a crítica, mas parece um dos filmes mais redondos do festival. Seria uma zebra, mas reabilitaria uma obra subestimada.
Uma reação política às dificuldades com a censura chinesa de "Viver!", de Zhang Yimou, pode valer-lhe uma espécie de prêmio de protesto. Uma possibilidade é a vitória de um dos seus intérpretes, o ator Ge You ou a atriz Gong Li.
Muito do impacto do romeno "Um Verão Inesquecível" se deve à Kristin Scott-Thomas, que merecia o prêmio de melhor atriz.

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