São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Humor crítico sai vencedor em "33 1/3"

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Corra que a Polícia Vem Aí 33 1/3 - O Insulto Final
Produção: EUA, 1994, 82 min.
Direção: Peter Segal
Elenco: Leslie Nielsen, Priscilla Presley, George Kennedy, Anna Nicole Smith
Onde: a partir de hoje nos cines Metro 1, Comodoro, Gemini 2, Astor, Center Iguatemi 3, Morumbi 4, e circuito

O trio David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker, responsável por "Corra que a Polícia Vem Aí 33 1/3" não inventou um gênero: a paródia de filmes é quase tão velha como o cinema.
Mas o trio foi responsável por sua renovação, a partir de um princípio simples: já que se fazem filmes imbecis a sério, é perfeitamente possível levar a imbecilidade a extremos.
Não é uma maneira inconsequente de fazer humor: se o mundo aceita filmes como "Aeroporto", sua versão comédia, "Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu" acaba sendo uma maneira de restaurar o equilíbrio ecológico. Ou, em todo caso, de dizer que nem todo mundo engole aquilo. É uma visão crítica das coisas.
Essas paródias, iniciadas com "Apertem os Cintos", em 1980, tinham sobre os filmes de Mel Brooks e seguidores –moda na época– a vantagem inequívoca de levar ao registro satírico essa agressividade que estava lhe faltando.
Passemos pelo fato de que sua produção tem sido um tanto desequilibrada. Leslie Nielsen foi o grande achado da série "Corra que a Polícia Vem Aí". E novamente ele não nega fogo no "33 1/3", o terceiro filme da série.
É o mais legítimo herdeiro dos policiais trapalhões tipo Pantera Cor-de-Rosa, que Peter Sellers fez com brilho nos filmes de Blake Edwards. Tem a capacidade de buscar o humor na impassibilidade de sua figura (que se parece com a de tira de telefilme).
Se o roteiro ajuda, como no caso, tanto melhor. Na história, o tenente Frank Derbin (Nielsen) quer apenas ficar em sossego com a mulher (Priscilla Presley), após se aposentar.
Inútil: os velhos colegas batem à sua porta com um caso de terrorismo para resolver. Aliás, os terroristas estão dispostos a colocar uma bomba no Dorothy Chandler Pavillion no exato momento de entrega dos Oscars.
A comédia vai bem até a sequência final. Mas no momento da entrega dos prêmios ganha força total: é quando Nielsen, empenhado em descobrir onde estaria a bomba, invade o show das mais variadas formas.
David Zucker, responsável pelos "Corra que a Polícia Vem Aí", agora assina apenas como produtor executivo. Deixa a direção para o estreante Peter Segal. Mas é, visivelmente, o humor do trio Zucker, Abrahams, Zucker que se impõe: um tipo de paródia em que quem faz não se julga acima do mundo e daquilo que critica. Está ao lado, envolvido nesse mesmo mundo.
Ainda assim, pode-se conjecturar que Segal dá um novo ânimo a esse humor, que nos últimos tempos andava em franca decadência.

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