São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
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Safra suporta aumento da demanda

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a introdução do real, o consumo de alimentos pode crescer até 7% em relação aos níveis atuais que não haverá desabastecimento nem razões econômicas para altas de preços.
Essa é a conclusão de um estudo do economista do José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MBA, que faz um dos melhores acompanhamentos do setor agrícola.
Segundo o economista, o cenário agrícola às vésperas do real é o inverso do verificado no Plano Cruzado, em fevereiro de 1986. Naquela ocasião, a safra havia sido muito ruim, de 55 milhões de toneladas.
A safra atual, que está sendo colhida, é muito boa: beira 76 milhões de toneladas, segundo a última estimativa do governo, divulgada quinta-feira.
Segundo Mendonça de Barros, a atual safra é suficiente para atender o consumo, necessitando-se apenas de importações complementares, no futuro, de milho, trigo, arroz e algodão.
A introdução de uma moeda estável, como deve ser o real ao menos nos primeiros meses, aumenta o poder de compra das pessoas que não têm dinheiro suficiente para fazer aplicações financeiras.
São as pessoas que ficam com o salário no bolso, desvalorizando dia-a-dia. Interrompida a inflação diária de mais de 1,5%, como é agora, essas pessoas têm um ganho -e esse ganho vai direto para o consumo de alimentos e outros bens essenciais, como remédios.
Não se espera, entretanto, um aumento de consumo explosivo, como ocorreu no Cruzado. Na ocasião, além do ganhos com o fim da inflação, os salários em geral tiveram aumentos reais de 8% e o mínimo, de 16%.
Agora, os salários foram apenas colocados na média e o governo, ao contrário do que ocorreu em 1986, está disposto a conter o consumo.
Assim, um aumento de até 7% na demanda por alimentos é uma previsão razoável, acredita Mendonça de Barros.

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sobre a safra à pág. 2-3

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