São Paulo, sábado, 28 de maio de 1994
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Agentes da nova evangelização

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Em Itaici, de 23 a 27 de maio, reuniram-se 186 participantes de 23 países para o 1º Congresso Continental Latino-Americano de Vocações. A iniciativa partiu do santo padre com a intenção de dinamizar a nova evangelização. Está em programa a convocação futura de congressos em outros continentes sobre o mesmo tema das "vocações", isto é, do discernimento sobre a vida e a missão de cada batizado na comunidade eclesial, chamado a continuar a obra evangelizadora de Jesus Cristo.
Entre essas vocações, requerem especial atenção os ministros ordenados e a vida consagrada, porque incluem uma total dedicação ao seguimento de Cristo e ao anúncio do reino de Deus. O Congresso tinha quatro objetivos: 1) tomar consciência de que a nova evangelização, para se realizar, exige um número adequado e qualidade de agentes; 2) promover o interesse pelas vocações em toda ação pastoral da Igreja; 3) propor caminhos de formação da juventude que permitam despertar, discernir e acompanhar as vocações; 4) incentivar a colaboração entre os organismos eclesiais.
Este último objetivo foi plenamente alcançado na própria organização do congresso, unindo a Sé Apostólica, por meio das congregações romanas, o Conselho Episcopal Latino-Americano e a Confederação Latino-Americana de Religiosos. Mais de 70 bispos passaram esses dias numa experiência viva e dinâmica de comunhão e trabalho com presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas e promotores vocacionais.
O método do congresso, seguindo as fases "ver, julgar, agir", previa exposições em painel e grupos de estudo sobre a situação das vocações, princípios teológicos e a ação concreta a ser desenvolvida nos diversos países.
Suscitou grande interesse a análise das luzes e sombras no panorama da resposta atual dos jovens ao chamado de Deus. Entre as sombras, percebeu-se o forte impacto que os aspectos contraditórios da cultura pós-moderna causam sobre os jovens. A sociedade marcada pelo egoísmo, pela concentração de riquezas nas mãos de poucos e pelo hedonismo confunde valores e contribui para criar na juventude insegurança e temor em assumir compromissos definitivos.
Por outro lado, há luzes: o testemunho de sacerdotes e pessoas consagradas que deram a vida em defesa da fé, da justiça e da promoção da paz atrai o idealismo e a generosidade dos jovens vocacionados. Verifica-se, nestes anos, um significativo aumento em número e qualidade das vocações para o sacerdócio, tornando a América Latina o "continente da esperança".
Sob o aspecto teológico, é preciso ter sempre em conta que o chamado é dom de Deus. Este dom é feito à comunidade eclesial, à qual compete colaborar para que haja o despertar, o discernimento e o acompanhamento das vocações. Daí a importância de identificar os sinais de uma autêntica vocação dos jovens que desejam se dedicar totalmente à nova evangelização: reta intenção, clareza de motivação, espírito de sacrifício para resistir às atrações do prazer sem regras, decisão de servir por toda a vida a Deus e ao próximo, especialmente aos pobres e necessitados.
O congresso oferece sugestões às famílias e comunidades para que colaborem, a fim de que muitos rapazes e moças consagrem-se a Cristo e tenham a alegria de semear a vida e a esperança em nosso continente.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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