São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Concorrência leva crise à petroquímica

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A indústria petroquímica brasileira, com um patrimônio avaliado em US$ 10,5 bilhões, vive uma das suas maiores crises, em meio ao processo de privatização iniciado há dois anos.
Para os empresários e especialistas do setor, o principal problema da petroquímica brasileira foi sua abertura ao mercado externo em um momento de crise internacional, com superoferta de produtos e preços deprimidos.
As tarifas aduaneiras para petroquímicos no Brasil caíram de uma média de 40% em abril de 1990 para 15% este ano.
Os dados da Abiquim revelam ainda que o setor está operando com 20% de capacidade ociosa.
A indústria petroquímica brasileira foi criada no começo da década de 70, sob o manto protetor do estado, através da Petroquisa, subsidiária da Petrobrás, que tinha participação em todas as empresas.
A presença do Estado garantia ao setor o fornecimento pela Petrobrás da nafta, seu principal insumo, a preços subsidiados.
Outro problema é que todo o setor foi organizado em empresas monoprodutoras, contrariando uma tendência mundial de formação de grandes conglomerados.
Com a abertura e o começo das privatizações, o setor foi exposto à concorrência, passou a enfrentar uma pressão contra o subsídio à nafta e não se reestruturou.
Para Álvaro Cunha, presidente da Odebrecht Química, o atraso no programa de privatização é o maior responsável pela demora na reestruturação do setor.
Em dois anos, foram privatizados parcialmente os pólos petroquímicos de São Paulo e do Rio Grande do Sul, mas o do Nordeste, localizado majoritariamente na Bahia, continua intocado.
Para Fernando Perrone, responsável no BNDES pela condução das privatizações no setor, é melhor o Estado sair de cena.
Com as privatizações até agora feitas a Odebrecht se tornou a maior empresa privada do setor. Ela é acusada de querer substituir a Petroquisa.
Álvaro Cunha rebate afirmando que o grupo só tem de 7,5% a 8% do setor. Ele pediu instrumentos mais ágeis para proteger o setor de concorrência desleal, especialmente de produtores do Leste Europeu, do México e Canadá.

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