São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994
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Petrobrás já admite fim de monopólio

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A manutenção do monopólio estatal do petróleo nos moldes como ele existe hoje já divide a cúpula da Petrobrás, formada pelo presidente, diretores e seus assistentes.
Embora sem admitir para o público externo, um membro dessa cúpula disse à Folha que parte dela está convencida que a estatal tem como sair vitoriosa de uma situação de concorrência.
O raciocínio é que a empresa teria mais liberdade de atuação e deixaria de carregar o pesado fardo da defesa do monopólio.
O próprio presidente da empresa, Joel Mendes Rennó, aceita mudanças. Ele chegou a fazer a defesa pública de uma "flexibilização do monopólio", o que lhe valeu pesadas críticas dentro da empresa.
A flexibilização é a manutenção do monopólio mas com alterações para permitir a exploração de óleo por outras empresas e aberturas para o setor privado em setores como o de importações.
Enquanto o debate prossegue internamente, para efeito externo a empresa cerra sua baterias na defesa do monopólio, um trabalho liderado pelo superintendente de Planejamento, José Fantine.
Derrotada na fracassada revisão constitucional, a proposta de quebra do monopólio só perde se PT ou PDT vencerem as eleições.
A carência de recursos fez com que os investimentos da Petrobrás caíssem de US$ 6,22 bilhões em 1982 (dólares de set/92) para US$ 2,16 bilhões no ano passado.
Com os baixos investimentos, a evolução da produção passou a ser lenta. Ela fechou 1993 com uma média de 668 mil barris/dia, ou crescimento de apenas 105 mil barris em oito anos.
A meta fixada no final dos anos 80 era um milhão de barris de óleo por dia em 95.
Essa meta "dificilmente" será atingida, de acordo com o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos principais defensores do monopólio.
Para os professores Adriano Pires Rodrigues e Danilo Dias, também da Coppe, a crise econômica tem sido uma aliada da estatal, contendo o consumo e escondendo suas deficiências.
Esses valores significariam uma média de US$ 5,66 bilhões por ano, já não alcançados em 93, o que aumentaria o saldo para os outros anos. O cálculo de Rodrigues e Dias é baseado em um crescimento de 5% ao ano da economia.

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