São Paulo, domingo, 29 de maio de 1994 |
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'Gostamos e não queríamos parar'
DANIEL CASTRO
Vilfredo e Heloisa Schurmann deram entrevista à Folha na última quinta-feira, quando falaram dos preparativos para a viagem, das dificuldades e da expectativa no regresso. A entrevista foi feita por uma conexão entre telefone, de São Paulo e Paranaguá, e rádio, de Paranaguá ao veleiro, em alto mar. Folha – Que país vocês esperam encontrar? Heloisa – Nós acompanhamos a situação quando estávamos no exterior. É tudo um mistério. É como se estivéssemos chegando a um país novo. Folha – Como foi o planejamento da viagem? Heloísa – Nós começamos a nos preparar para a viagem dez anos antes. Foi através de leituras e de cursos de primeiros socorros, radiocomunicação e navegação. Folha – Vocês já tinham experiência em navegação? Vilfredo – Sim. Fomos campeões em barcos de regata e fizemos muitas navegações de Florianópolis a Buenos Aires e de Florianópolis ao Rio de Janeiro. Folha – Vocês passaram por momentos difíceis na viagem? Vilfredo – O momento mais difícil foi quando íamos da Nova Zelândia para ilha de Tonga, no Pacífico, e pegamos um rabo de furacão, com ondas de dez metros e ventos de 120 km/h. Nós perdemos os dois mastros. Foi uma situação muito difícil. Ficamos 11 dias à deriva, mas retornamos a Nova Zelândia com nosso barco. Folha – E os bons momentos? Vilfredo – Foram muitos. Nessas ilhas do Pacífico, coisa de sonho, coqueiros, praias de areia branca, povos exóticos. Fizemos muitos amigos. Folha – Inicialmente, a viagem seria de dois anos. Como foi a decisão de prolongá-la? Vilfredo – Nós gostamos e não queríamos parar. Viajávamos como tartarugas, parávamos nos lugares, estudávamos os povos, os idiomas. Passou rápido. Folha – Quanto custou essa aventura? Vilfredo – O total não sei. Tivemos que trabalhar muito, fizemos charters, fomos contratados para dar palestras em universidades norte-americanas, fizemos vídeos profissionais, vendemos nossa imagem, escrevemos para revistas e jornais do mundo todo. Folha – Viajar pelo mundo não era arriscar demais jogar fora uma vida estável no Brasil? Vilfredo – Nós queríamos conhecer o que havia depois do horizonte. Eu tinha um escritório de projetos industriais e trabalhava para grandes empresas. Mas eu queria desligar, dar uma oportunidade para os nossos filhos, que hoje falam quatro idiomas, além de alguns dialetos. Folha – O senhor tem projetos para novas viagens? Vilfredo – Claro. Queremos primeiro divulgar a nossa viagem e depois partir para novos projetos. Texto Anterior: Ondas destruíram 70 casas desde 82 Próximo Texto: Família dá a volta ao mundo em um veleiro Índice |
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