São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 1994
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Platéia e músicos fazem a festa nas duas últimas noites do festival

EDSON FRANCO
DAS REGIONAIS

Excetuando-se o preço do estacionamento (CR$ 15 mil) e das bebidas (CR$ 4.000 a lata de cerveja), as duas últimas noites do Nescafé & Blues foram uma autêntica festa. O palco do Palace ficou pequeno diante da empolgação dos músicos que desceram para tocar no meio da platéia. Teve até show que terminou com parte da platéia no palco.
O clima que dominaria o final do festival começou com a apresentação do acordionista Terrance Simien no sábado. Com uma banda que tinha até um tecladista anão que "plantou bananeira" durante o show, Simien fez o público ficar de pé à custa de muito suor.
O ritmo envolvente de seu country-blues acelerado ajudou a mascarar as composições insípidas de Simien. Fora o cover do clássico "Jambalaya", ninguém que esteve no Palace consegue assoviar qualquer uma das outras melodias entoadas pelo acordionista.
Simien jamais fará sucesso em disco, mas seu show foi uma experiência digna de ser vivida. A apoteose se deu com seis garotas, retiradas da platéia, "tocando" percussão no palco.
A grande atração do sábado não negou fogo. Lonnie Brooks deixou seu filho Ronnie brilhar por três músicas antes de entrar no palco. Quando entrou, dominou a tudo e a todos com seu vozeirão rouco e sua guitarra melódica.
Menos roqueiro que o habitual, Lonnie extraiu dor e alegria das cordas. Levou o público ao delírio quando cantou "Superstitious" sem microfone, perambulando por entre as mesas. Mesmo com a banda tocando, seu vozeirão esteve perfeitamente audível em todos os cantos do Palace.
No domingo, a apresentação da cantora Big Time Sarah começou prejudicada pela falta de entrosamento da banda que a acompanhou. Formada por brasileiros e liderada pelo guitarrista André Christóvam, a banda abriu o show da cantora em quatro músicas com o pianista e cantor Lovie Lee - músico que animou o saguão do Palace nos demais dias do festival.
A bagunça chegou ao ápice quando Sarah entrou no palco para cantar "Mistreated". A banda teve que repetir a introdução quatro vezes até que Lee descobrisse que o tom da música era um acidentado mi bemol. Enquanto procurava os acordes apropriados, Lee viajou suas mãos cegamente pelo teclado e acabou, involuntariamente, criando a dodecafonia no blues.
Depois que conseguiu pôr ordem na casa, Sarah transformou o Palace em um grande cabaré. Desceu do palco e cantou sentada no colo de assustados espectadores.

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