São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campos do Jordão limita "turista-farofeiro"

PAULO SILVA PINTO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

Campos do Jordão (175 km a noroeste de São Paulo) deve receber neste inverno uma avalanche de turistas que permanecem apenas um dia na cidade.
No ano passado, 55 ônibus podiam entrar na cidade para passar o dia. Neste ano, o limite permitido aumentou para 90 ônibus.
No próximo dia 20 volta a ser cobrada uma taxa para cada ônibus que entra ma cidade, que deve ser de 20 Unidades Fiscais do Município (hoje CR$ 14 mil cada uma).
Ontem foram apenas 35 ônibus para Campos do Jordão, mas no fim-de-semana anterior o limite se esgotou e 23 ficaram para fora do "portão" da cidade (uma construção da prefeitura onde ficam guardas municipais), depois de desembarcar os passageiros.
O motorista Jair Romero, 38, de Piracicaba, acha que a cidade não se esforça para recebê-los bem.
"Não somos bem-tratados. Em vez de cativar, a cidade acaba nos tocando embora", diz.
Ele cita por exemplo o palácio Boa Vista, do governo do Estado, onde não há estacionamento para ônibus. O grupo que veio com ele teve que se contentar em ficar em frente ao palácio, sem entrar.
Mesmo assim, o estudante de agronomia da USP Marcos Trevisan, 23, um dos turistas da excursão, gostou da viagem.
"Tem muitas coisas bonitas aqui e nesta época do ano não tem graça ir para a praia. O maior problema é passar tanto tempo dentro do ônibus", diz.
O grupo saiu de Piracicaba às 0h e chegou a Campos do Jordão às 5h, onde ficariam até 14h.
Além de subir de teleférico até o morro do Elefante, um dos programas é comprar malhas de inverno.
O office boy Josimar da Silva, 21, pagou CR$ 3 mil pelo gorro da torcida corintiana Gaviões da Fiel.
Já Karen Milanês, 19, de Piracicaba, não fez compras porque ainda não recebeu o salário do mês.
Isso deve explicar as vendas "abaixo da expectativa" durante o feriado, segundo Felix Alves, 41, dono da confecção Lunik.
"No ano passado fez mais frio em abril e maio, por isso vendemos mais no Corpus Christi".
Alves concorda com as restrições impostas aos ônibus. "Eles deixam um rastro de sujeira e acabam afastando o turismo de alta renda", diz.

Texto Anterior: Grande São Paulo registra 24 homicídios
Próximo Texto: Acidente mata universitária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.