São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Repetimos idênticos erros de 74,78 e 90

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Repetimos idênticos erros de 74, 78 e 90
Parreira insiste no modelo europeu
MARCELO FROMERe NANDO REIS
Esta estúpida obsessão pelo futebol rígido e obtuso, calcado na máxima do coletivismo europeu de hoje.
Desde que perdemos a Copa da Inglaterra, quando a dona da casa foi brutal e descaradamente favorecida pela arbitragem, algo só comparável ao escândalo protagonizado pela Argentina de Videla e o Peru de Quiroga, criou-se a ilusão de que devíamos nos dobrar diante da "eficiência" do futebol do Velho Mundo.
Que grande bobagem. O futebol não é nada mais do que uma das expressões culturais de uma nação. Nós aqui gostamos mesmo é de feijão.
Estamos patinando nos mesmos erros que nos levaram aos fracassos de 74, 78 e 90 que não se comparam às inconsoláveis frustrações de 82 e 86.
E o que afinal de contas estão pretendendo esses dois técnicos? Enjaular a explosão do futebol desses craques exibindo videoteipes da seleção alemã?
O próximo passo seria copiar o modelo da Inglaterra e ficar de fora do Mundial.
Talvez a única coisa que ainda tenhamos de original seja o nosso futebol. Mas até quando?
O que tentamos colocar através de tantos artigos nesta coluna é que não concordamos com essa fixação que o Teimoso e o Velho Zaga mantêm pelo futebol "competitivo"e "vencedor" dos europeus.
Talvez essas sejam as últimas linhas que ainda riscamos vociferando contra a alienação das nossas características.
Afinal o Pelé não era branco e nunca jogou na Bundesliga.
Estamos entrando no túnel de acesso de mais uma Copa do Mundo e não há outro modo de agir que não seja com a paixão.
Mas antes de encerrarmos a nossa contagem, aguardaremos ainda mais uma semana na expectativa de que a grande teimosia dê espaço a um pouco de razão.
E por isso então sugerimos ligeiras mudanças na escalação: no lugar do batedor de petecas Taffarel, Zetti.
A providencial lombalgia de Branco se encarregou de endireitar a espinha dorsal da nossa defesa através da categoria de Leonardo.
Vamos deixar que o Dunga do banco possa assistir Mazinho descongestionar o meio-campo com toques rápidos e eficientes.
E já que jogaremos com quatro homens no meio-campo por que não trocar a burocracia do bom Zinho pela saúde e pela onipresença do Cafu?
Se o esquema é esse e a foto oficial já foi tirada, bem que poderíamos entra em campo contra a Rússia com a seguinte escalação: Zetti, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Leonardo; Mauro Silva, Mazinho, Cafu e Raí; Bebeto e Romário.
E antes que ele assuma o cargo que virá depois da Copa, cabe a seguinte pergunta: se o Teimoso tá levando US$ 500 mil por ano, com quanto é que fica o Velho Zaga?
Com o Teimoso faltam 11 dias para começarmos a perder mais uma Copa.

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos da banda Titãs

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