São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Novo disco evita fórmula do comercialismo

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Caetano Veloso deve retornar hoje ao Rio para as gravações de seu próximo disco, só com músicas hispano-americanas, que deve chegar às lojas em outubro.
O convite partiu da gravadora. Mas ele não quis fazer o que é praxe com outros músicos: gravar versões em espanhol de suas músicas na mesma base das músicas em português para tentar conquistar o mercado hispano-americano.
Ao comercialismo intencional, Caetano preferiu "fazer uma coisa mais pessoal", gravando canções que marcaram sua infância.

Folha - Você tem medo de entrar num projeto mais diretamente comercal?
Caetano - Não é medo não. Eu tenho fastio por isso. Não me apetece. O que eu faço já é suficientemente comercial. Para mim é comercial demais.
Tanto é que eu jamais esperaria ter alguma coisa na vida. Eu nunca vendi muito, mas dá para viver como nunca pensei. Eu sou de uma família de baixa classe média, quase pobre. Então eu nunca pensei em ter tanta coisa como tenho.
Folha - Você nunca pensa em ter mais dinheiro do que tem?
Caetano - Eu não sou muito bom com dinheiro. Não sinto falta. Também não tenho muito respeito pelo dinheiro dos outros. Se alguém me paga um jantar, eu esqueço.
Folha - Você é pão-duro?
Caetano - Nada pão-duro. Também não tomo conta do dinheiro dos outros, nem do meu. Fico envergonhado.
Folha - E objetos de consumo? Você gosta de ver vitrine?
Caetano - Eu não sou consumidor. Eu prefiro ver uma montagem de Gerald Thomas a ver vitrines.
Folha - Você fez compras aqui em Londres?
Caetano - Poderia até ter feito. Disco e livro eu compro. Mas não comprei absolutamente nada.
Folha - Você vai entrar no free shop do aeroporto?
Caetano - Eu tenho horror de free shop. Eu gosto de discos e livros e nada mais.(SM)

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