São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Brasileiros revisitam os locais de combate

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MONTECATINI

Cinquenta anos depois, veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira) puderam rever a região em que combateram pela primeira vez em 1944, o vale do rio Serchio, no norte da Itália.
Ao contrário de certos pontos de combate da Segunda Guerra Mundial, que permanecem facilmente reconhecíveis, a região camponesa de 1944 é agora uma próspera exploradora do turismo.
"Onde está essa estrada asfaltada eram trilhas. Não havia tanto mato, a artilharia e as metralhadoras derrubavam tudo. Também tem poucas casas de pedra, hoje é tudo de alvenaria", resumiu o ex-soldado Vicente Gratagliano, do 6º RI (Regimento de Infantaria), a unidade que foi a primeira a passar por essa área.
Permanecem as montanhas, de cujos cumes os alemães alvejavam o 5º Exército Americano, ao qual a FEB estava subordinada, e o 8º Exército Britânico. Olhando esses penhascos é fácil perceber por que atacar em região montanhosa é considerado a mais difícil das missões militares.
O vale do Serchio viu os primeiros combates e primeiros mortos brasileiros na guerra na Europa.O 6º RI foi destacado para essa frente relativamente menos difícil para se aclimatar ao combate, para "aprendê-lo".
Mais adiante na cadeia dos Apeninos, os montes seriam mais íngremes, as posições alemãs, melhor fortificadas. Outras unidades da FEB, como o 1º RI e o 2º RI, tiveram de aprender de modo mais difícil, atacando posições como o monte Castello, mais ao norte.
Gerson Machado Pires era tenente do 6º RI e voltou agora a um povoado que ocupou com seu pelotão em 1944, Barga. Carregava mapas que usava na época da guerra, impressos pelos americanos.
Andou pelo vilarejo com familiaridade –nem tudo foi modificado com a tomada da região pela indústria turística.
Machado se lembra de uma senhora italiana que ficava no caminho das patrulhas tanto brasileiras como alemãs. Um dia os alemães deixaram um recado com ela: passaremos o Natal aqui.
E, de fato, retomaram Barga dos brasileiros antes do final do ano, para perdê-la novamente mais tarde, diz Gerson.
Como todos os da FEB, ele tinha grande respeito pelo inimigo bem mais experiente, a quem teve de aprender a derrotar do modo mais difícil.

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