São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Dia D como lição; Morte anunciada; Greve nas universidades; Telefone abusivo; Patentes; O problema dos músicos; O problema dos caiçaras; Justo, culto e moderno; Eleições e qualidade; Charles Chaplin

Dia D como lição
"Hoje completam-se 50 anos do desembarque aliado nas praias da Normandia. Lembraremos com muito respeito todos aqueles que tombaram nessa luta contra o nazi-fascismo, que deu início à vitória total das Forças Aliadas sobre o totalitarismo. Mas não podemos e não devemos esquecer o atraso da decisão das Forças Aliadas de participar ativamente da Segunda Guerra Mundial. Esse atraso custou a vida de 50 milhões de seres humanos e a destruição de todos os valores morais e éticos da humanidade. Todo o peso da guerra recaía sobre a União Soviética que pagou um preço muito alto: 28 milhões de mortos, milhões de feridos, cidades destruídas, campos devastados e progresso econômico completamente estagnado. Que este fato da maior importância sirva como lição para todos nós, para ficarmos atentos e não permitirmos a repetição dos fatos que tiveram lugar na Europa entre 1939-1945. Guerra nunca mais."
Alfredo Frajdenberg (Rio de Janeiro, RJ)

Morte anunciada
"O corajoso artigo `Crônica de uma morte anunciada' de Abram Szajman (Folha, 02/06, pág. 1-3) traduz um empresário indignado com as mazelas de nosso colonialismo, que impunemente produz a maior concentração de renda do mundo, a disseminação da miséria e um milhão de mortes anunciadas a cada ano. Seu coração está atento, e mostra a necessidade de alimentos e escolas para alfabetizar e despertar as consciências fustigadas pela fome, doença e ignorância. É principalmente no Norte-Nordeste o grande palco das mortes anunciadas, onde o poder pertence aos coronéis-empresários, subvertendo à escravidão os mais miseráveis seres humanos do planeta. Se essa percepção e indignidade forem generalizadas, é certo que o Brasil vai mudar e teremos crônicas do tipo `a anunciação da vida'."
Ernani Miura (Porto Alegre, RS)

Greve nas universidades
"A greve das universidades paulistas trouxe à luz algumas exigências, se quisermos de fato melhorar o padrão de trabalho nos campi. São elas:
1) maior compromisso ético dos pesquisadores e docentes com a universidade;
2) mudanças no governo dos campi, atenuando-se os poderes imperiais das reitorias em proveito de maior participação dos colegiados na política institucional, inclusive na definição dos salários e verbas para pesquisa e ensino;
3) maior controle sobre convênios, fundações, núcleos de trabalho, visando impedir desvios na aplicação dos dinheiros públicos;
4) avaliação dos trabalhos baseada em compromissos axiológicos e no diálogo franco;
5) controle severo de iniciativas que visam instalar organismos paralelos na universidade;
6) conversão das procuradorias jurídicas em órgãos a serviço de toda a universidade;
7) conversão das assessorias de imprensa para que obedeçam à ética jornalística comum;
8) respeito a docentes, funcionários, alunos e suas respectivas representações;
9) incentivo a compromissos com os poderes públicos e com os setores particulares comprometidos com o desenvolvimento econômico e social;
10) maior colaboração entre o campus e a imprensa. O debate realizado pela Folha em 28/05 foi decisivo e trouxe o peso da opinião pública para a mesa de negociações."
Roberto Romano (São Paulo, SP)

Telefone abusivo
"Em nome de milhares de usuários do sistema Telebrás (Telesp), solicitamos uma reportagem sobre o aumento abusivo das contas telefônicas que foram convertidas para URV. A Telesp não só converteu os valores pelo pico como aplicou índices de até 130% em vários serviços, desrespeitando a lei federal (aumento pela média) e principalmente o usuário, que fica sem ter com quem reclamar. Com relação à lei federal acima citada, não sabemos se tal ordem para um aumento tão abusivo veio diretamente do governo federal ou ficou a critério de cada concessionária do sistema Telebrás. Em ambas as partes, mais uma vez, fica caracterizado a total falta de respeito para com os cidadãos brasileiros. Tentamos obter informações diretamente na Telesp em Sorocaba, sem sucesso."
Lazaro Luiz Carrara e seguem mais nove assinaturas (Sorocaba, SP)

Patentes
"Causa revolta a notícia de que os Estados Unidos `deram um prazo até 15 de junho para que o Congresso Nacional aprove a Lei de Patentes'. O senhor Levitsky confirmou o tal acordo `sigiloso' (embora conhecido) que o Executivo teria firmado com os EUA. O assunto patentes consta do acordo Gatt, que ainda não foi analisado e aprovado no Congresso brasileiro e está sendo contestado pelo próprio Congresso norte-americano, em defesa dos interesses comerciais de seu país."
Sara Mariany Kanter (São Paulo, SP)

O problema dos músicos
"Sou musicista, formada como professora de piano e compositora há muitos anos. Tenho o ideal de todos os artistas: criar e divulgar minha obra. Mas a grande maioria dos compositores brasileiros não tem capital para pagar uma gravadora de discos ou fitas. Apelo, através desta seção, para os órgãos culturais de São Paulo, cidade sempre na vanguarda dos empreendimentos culturais, para que dêem aos compositores a oportunidade de gravar e, assim, divulgar suas músicas. Precisamos que órgãos culturais criem estúdios para gravação e contratem músicos e técnicos."
Lieda Sobrosa M. Monsores (São Paulo, SP)

O problema dos caiçaras
"Gostaria de parabenizar o sr. Marcelo Leite pela excelente reportagem sobre a Reserva Ecológica Juréia-Itatins. Como moradora e presidente da Sociedade de Ecologia de Itanhaém, conheço os problemas dos caiçaras, o que me possibilita afirmar que a reportagem contribui para a conscientização dos problemas sócio-econômico-culturais que os atingem."
Renata Luiza Leite, presidente da Sociedade de Ecologia de Itanhaém (Itanhaém, SP)

Justo, culto e moderno
"O Brasil necessita de um futuro presidente justo, culto e moderno, que não queira se dedicar apenas aos funcionários públicos protegendo as estatais, onde há tamanha corrupção e falsidade. Isso vem dizer que o candidato Lula da Silva não serve como presidente do Brasil ou de qualquer outro país democrático. Talvez em Cuba..."
Vitoria Malinoski dos Santos (Curitiba, PR)

Eleições e qualidade
"A Folha prossegue na linha de praticar jornalismo moderno e atento às necessidades dos leitores. Mencionamos, especialmente, o caderno especial `Brasil 95', discutindo a realidade brasileira a partir das propostas dos partidos políticos que disputam as próximas eleições e a série `Qualidade Total'. No primeiro caso, a proposta editorial-jornalística da Folha serve de inspiração para que a imprensa brasileira de forma didática, crítica e independente possa atuar nas eleições de outubro. Já o lançamento dos cadernos sobre qualidade total, abordando uma prática que deve pautar a própria sobrevivência das empresas daqui para frente, consolida úteis e essenciais conceitos para o público. Registramos os nossos cumprimentos e parabenizamos, especialmente, os profissionais envolvidos nesses trabalhos."
Marlo Litwinski, da secretaria executiva de comunicação do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Charles Chaplin
"Perplexo com a abusada publicidade usando cenas do filme de Charles Chaplin (`Tempos Modernos'), encontrei no artigo do poeta José Paulo Paes `O Vagabundo e os Usurários' (Mais! de 29/05) as expressões mais adequadas e convincentes sobre o delito ético e estético da propaganda."
Celso Loge (São Paulo, SP)

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