São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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Brizola defende o desarme da polícia

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PDT à Presidência, Leonel Brizola, propôs ontem, na Associação Comercial do Rio, um desarmamento geral que atingiria até a polícia.
Brizola, 72, afirmou que a única opção ao desarmamento seria a guerra. Segundo ele, um desarmamento semelhante é que permitiu o controle da violência na Inglaterra.
O ex-governador do Rio afirmou que o desarmamento era uma idéia e não uma proposta para seu eventual governo.
Disse, porém, que se eleito transformará em crime o porte ilegal de armas –atualmente é uma contravenção, ato ilícito punido com menor rigor.
Brizola foi o terceiro candidato a comparecer à série de debates promovida pela Associação Comercial (antes dele estiveram Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT).
Um dos escalados para fazer perguntas, Ary Graça Filho, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros, disse, após o encerramento do debate, que só um idiota acreditaria nas propostas do pedetista.
Outro dos debatedores, o presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos, Marcos Aurélio de Vasconcelos Cançado, disse que Brizola não foi objetivo e respondeu às perguntas com palavras-de-ordem.
No debate, Brizola criticou a política de privatizações e defendeu um controle sobre o capital estrangeiro e a presença "disciplinadora" do Estado na economia.
Ele afirmou que dar autonomia ao Banco Central seria criar um "governo paralelo".
Disse também que um tabelamento pode ser necessário –para ele, o Plano Real não passa de um gigantesco tabelamento" feito a partir de uma política cambial.
Brizola afirmou que o atrelamento do real ao dólar irá gerar problemas cambiais que farão despencar as exportações brasileiras e sucatear a indústria.
O debate teve a presença de 396 pessoas que pagaram 30 URVs pelo almoço. De acordo com dados da organização do debate, dos 396, 180 eram empresários. Havia muitos integrantes do PDT na platéia.
Em entrevista, Brizola, ao ser perguntado sobre política de reforma agrária, disse que, se eleito, irá aprofundar a limitação constitucional do direito de propriedade.
Afirmou que poderá utilizar títulos da dívida agrária para desapropriar propriedades que sirvam apenas para a especulação.
Apoios
Depois de conseguir uma vaga no palanque de Hélio Costa, candidato do PP ao governo de Minas, Brizola quer conquistar espaços semelhantes no Rio Grande do Sul e Paraná.
Em Minas, em troca da possibilidade de Brizola usar o palanque de Costa para sua campanha presidencial, o PDT abriu mão de uma candidatura própria ao governo.
No Rio Grande do Sul, Brizola busca o apoio do candidato do PMDB ao governo, Antônio Britto. No Paraná, o do candidato do PP, Álvaro Dias.

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