São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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IBGE diz que a Amazônia Legal vive processo de migração interna

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A Amazônia Legal (Estados do Norte do país e o oeste do Maranhão) vive hoje um processo de apenas migrações internas. A grande leva de migração para a região se deu de 1970 a 1980. Hoje é reduzido o número de pessoas de outras regiões do país que seguem para lá.
Este dado foi apresentado em seminário ontem pela geógrafa do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Antonia Maria Martins Ferreira.
Coordenadora do projeto "Diagnóstico do Meio Ambiente da Amazônia Legal", ela participou de debate da Semana Nacional de Meio Ambiente, promovida no prédio da Petrobrás (centro do Rio) até sexta.
Ferreira sintetizou alguns problemas ambientais graves na Amazônia Legal, que ocupa 60% do território nacional. Segundo ela, está havendo tendência de assoreamento (obstrução principalmente por excesso de areia) de rios da região.
Ela citou o oeste do Maranhão, rios como o Zutuia e Pindaré Mirim já apresentam sinais de assoreamento. Ferreira disse que a ocupação desordenada do solo e o desmatamento causam o problema.
"O Maranhão é uma loucura", disse. Com o aterramento crescente dos leitos dos rios, a geógrafa aponta o consequente aumento das áreas alagadas no entorno.
Queimadas
Ferreira disse que as queimadas, hoje, se dão basicamente em áreas já ocupadas e degradadas. Segundo ela, com a recessão econômica as áreas desmatadas não têm avançado na região.
Segundo estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), citado por Ferreira, 12% da Amazônia Florestal se encontram degradados e transformados em pasto, entre outras ocupações.
A Amazônia Legal tem cerca de 18 milhões de habitantes, sendo 55% "em aglomerações ditas urbanas". Ferreira disse que a degradação geral da região "vai do ecológico ao político".
Para ela, o país precisa repensar a concepção de desenvolvimento da Amazônia, revalorizando o aspecto regional. Ferreira criticou a penúria social da maioria da população.
Ferreira criticou também os governos locais, que pensam suas políticas dentro de uma visão de "globalização excessiva", sem atender os interesses locais.
"Seja do ponto de vista do cultivo agrícola ou industrial, tudo é pensado para atender primeiro o mercado mundial. A produção que se pretende é a de exportação."

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