São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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Importação de tecidos divide indústria têxtil

Fabricantes acusam Coréia de dumping; confecções discordam

KATIA MILITELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da sobretaxa provisória de 34% para importação de tecidos coreanos está provocando novo ataque dos fabricantes brasileiros contra o que classificam de dumping por parte da Coréia do Sul.
Ontem, na abertura da Fenit (Feira Internacional da Indústria Têxtil), no Parque Anhembi, os fabricantes de tecidos se reuniram com o ministro Élcio Álvares, da Indústria, Comércio e Turismo, para pedir proteção à indústria.
Segundo Salomão Rotenberg, do Sinditêxtil (Sindicato da Indústria Têxtil), a alíquota reivindicada para produtos coreanos é de 80%.
Depois de ouvir os argumentos, o ministro disse ser preciso que o setor prove o dumping (preço inferior ao custo de produção ou ao praticado no mercado interno).
O ministro Élcio Álvares informou que uma comissão interministerial constituída por MICT e Fazenda começa a analisar amanhã medidas de estímulo aos setores produtivos, às exportações e às médias e pequenas empresas.
O dumping também será um dos assuntos dessa comissão.
"O presidente Itamar deve anunciar antes da chegada do real as medidas de incentivo à produção e o fortalecimento das câmaras setorias", disse o ministro.
Enquanto os fabricantes de tecidos fazem gestões junto ao governo para impedir a entrada de tecidos sintéticos e artificiais coreanos, a indústria de confecção discorda da acusação de dumping.
"O setor de tecidos não provou que houve dumping", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
Segundo Chadad, o governo errou ao sobretaxar por 120 dias as importações coreanas antes de obter a confirmação de dumping.
A sobretaxa de 34% vigorou até maio. A alíquota hoje é de 20%.
"O governo declara não ter condições de investigar o dumping e quer que a indústria faça, mas isso seria espionagem industrial", afirma Rotenberg.
Os coreanos vendem o metro do tecido por cerca de US$ 0,80. Segundo os fabricantes, os custos de produção chegam a US$ 1,80. No Brasil, o metro varia entre US$ 1,80 e US$ 2.(Katia Militello)

43ª FENIT - Feira Internacional da Indústria Têxtil e 26ª FENATEC -Feira Internacional de Tecelagem. No Parque Anhembi, das 10h às 19h. Fechada ao público. Lojistas com convite e CGC ou cartão comercial não paga. Sem convite e com comprovante paga 10 URVs. Lojista com convite e sem comprovante paga 20 URVs.

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