São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

E a molecada, como fica ?

THALES DE MENEZES

E a molecada, como fica?
O recém-terminado torneio de Roland Garros permite ainda alguns debates. Passada a euforia da torcida espanhola, é hora de pensar um pouco no que acontece nas chaves da categoria juvenil.
A questão não é o título do brasileiro Gustavo Kuerten, que ganhou as duplas ao lado do equatoriano Nicolas Lapentti.
A questão também não é o fato de ter sido um espanhol o vencedor na chave de simples.
A questão também não é o título facilmente conquistado pela suíça Martina Hingis, 13, vitória que já tinha sido prevista por todo mundo que acompanha o circuito.
A questão é: o que fazer com o torneio juvenil?
Não é uma pergunta específica para Roland Garros. Todos os campeonatos juvenis no mundo estão num momento delicado. O tênis ficou mais precoce e a estrutura do circuito juvenil não o acompanhou.
Trocando em miúdos: atualmente um garoto já dá sinais de que pode ser um "top ten" do circuito profissional com 14, 15 anos. Aos 17 anos, tem que estar brigando com os melhores.
Exemplos não faltam: Pete Sampras (venceu o US Open 90 aos 19 anos), Michael Chang (venceu Roland Garros aos 17), Boris Becker (Wimbledon aos 17 anos), Steffi Graf (Roland Garros aos 17 anos) e muitos mais.
Há 20 anos, ganhar um título juvenil num torneio de Grand Slam indicava que o tenista tinha um futuro brilhante pela frente. Borg, Vilas, Connors e todos de sua geração passaram por isso.
Hoje em dia, um título desses não é credencial de valor. Os finalistas do juvenil do Aberto da França, o campeão Jacobo Diaz e o vice Giorgio Galimberti, ambos com 18 anos, não são boas apostas para tenistas de futuro.
Se fossem bons, com condições de entrar para os "top ten", deveriam estar nos torneios profissionais.
No feminino, onde a "onda precoce" é ainda mais acentuada, existe uma Martina Hingis que, aos 13 anos, vence gigantes de 18 anos. Ninguém duvida que ela será profissional antes dos 15 anos.
Com isso, ganha força uma idéia defendida pelo treinador Nick Bolletieri: fazer torneios juvenis para atletas de até 16 anos.
Dependendo do país, o jovem pode votar aos 16 anos. Pode dirigir carros aos 16 anos. Martina Hingis quer provar que com 16 anos também é possível se tornar a melhor tenista do mundo.

Texto Anterior: Rockets e Knicks iniciam a grande final da NBA
Próximo Texto: Confronto de pivôs é atração das finais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.