São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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"Mecenas" dão novo museu a Washington

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

'Mecenas' dão novo museu a Washington
Casa dos Kreeger foi aberta ao público há uma semana e conta com 170 obras de diversos períodos e países
A cidade de Washington acrescentou mais um museu à sua considerável lista de casas de arte: o Kreeger, com 170 pinturas e esculturas de diversos períodos e países, inaugurado na quarta-feira passada.
Até o início do ano, o museu era a residência de Carmen Kreeger, que vivia sozinha desde a morte do marido, David, em 1990. O casal construiu a casa em 1967 e ali instalou a formidável coleção adquirida por ele.
Em 1959, 11 anos depois de ter deixado o serviço público para tentar a vida como empresário, Kreeger comprou o seu primeiro quadro: um pequeno Renoir, escolhido por sua mulher quando os dois viajaram a Paris.
Até então, os Kreeger só tinham reproduções nas paredes de sua casa. Ele, advogado e violinista amador, e ela, cidadã espanhola diletante das artes, nunca haviam pensado em se tornar colecinadores profissionais.
Mas foi o que aconteceu. Depois do primeiro Renoir, vieram os Monet, Pissarro, Sisley, Degas, Boudin, Cézanne, Modigliani, Van Gogh, Braque, Picasso, Leger, Gorky, Kandinsky, Miró, Chagall.
Quanto mais rico ficava, mais Kreeger comprava e mais contribuía para a disseminação das artes em Washington, cidade onde se estabeleceu em 1934. Em pouco tempo, seu nome estava entre os dos grandes mecenas do país.
Na inauguração do museu, Carmen Kreeger não discursou. Seus filhos falaram por ela.
Visitação
Lembraram que uma vez por ano os pais constumavam abrir a casa à visitação pública e que ela ter se transformado em museu é a realização de um desejo natural deles.
O Kreeger é o segundo museu de Washington a funcionar na residência dos colecionadores que montaram o seu acervo.
O outro é o consagrado Phillips Collection, operado desde 1926 na casa de Duncan e Marjorie Phillips.
Ainda falta muito para o Kreeger se parecer com o Phillips. Primeiro, a casa de Phillips, de 1897, é muito mais aconchegante do que o moderno edifício concebido por Philip Johnson para a família Kreeger.
Segundo, o Phillips fica numa área central da cidade, o Dupont Circle, enquanto o Kreeger está afastado, na Foxhall Road, em local sem estacionamento, estação de metrô ou transporte público próximos.
Terceiro, a coleção dos Phillips faz muito mais sentido do que a dos Kreeger: concentra-se nos modernistas e suas inspirações.
A coleção dos Kreeger é muito menos lógica, inclui de tudo um pouco e ficou prejudicada quando em 1976, num período de dificuldades financeiras, Kreeger teve que vender 30 quadros, entre eles um excelente Brancussi, "Prometeu" (1911).
Quarto: durante um período de pelo menos dois anos, o Kreeger só poderá ser visitado em horários pré-determinados, quando grupos pequenos tiverem sido formados para serem acompanhados por guias.
Atrações
Apesar dos senões, vale a pena ver o Kreeger. "Deux Personanages", de Joan Miró (1935), um dos seus mais importantes quadros, é talvez a principal atração da casa.
"Relations", de Wassily Kandinsky, é outra fonte de interesse, como "Man in a Golden Hammett", de Picasso (1969).
Quem for a Washington e quiser conhecer o museu deve ligar para 337-3050 e pedir para ser incluído em um grupo.
Até setembro, as visitas serão apenas nas terças, quartas e sextas-feiras. Depois, vão ocorrer também nas quintas e sábados. É sugerida contribuição de US$ 5.

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