São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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Ataques de racistas preocupam Vaticano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Vaticano e grupos que defendem os direitos dos imigrantes expressaram ontem sua inquietação com os recentes ataques racistas na Itália, país cujo governo é integrado por neofascistas.
No último domingo, ocorreram dois ataques a imigrantes africanos em Roma. Dois camelôs do Senegal foram atacados numa estação de metrô e um estudante do Congo foi agredido num trem suburbano.
Para o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, não há ninguém na Itália que realmente acredite no "perigo fascista".
O gabinete de Berlusconi conta com a participação de cinco ministros do partido neofascista MSI (Movimento Social Italiano), cujas raízes remontam a Mussolini.
Benito Mussolini, ditador da Itália entre 1922 e 1943, foi o fundador do fascismo, sistema político ditatorial caracterizado por um nacionalismo exacerbado e pela submissão dos interesses individuais aos interesses do Estado.
A presença de neofascistas no governo italiano causou preocupação nos parceiros europeus da Itália e foi alvo de críticas por parte de Israel.
O jornal "L'Osservatore Romano", do Vaticano, condenou a atitude dos jovens romanos que, em entrevistas na televisão, defenderam os agressores.
Na edição de ontem o jornal italiano considerou o fato um sinal alarmante e que seria perigoso para o futuro da cidade e do país ignorá-lo.
Após o primeiro incidente, a polícia prendeu três homens com antecedentes de violência em estádios de futebol e, após o segundo, nove "skinheads" (extremistas com as cabeças raspadas) foram presos.
Segundo relato de jornais, enquanto prendia os "skinheads", a polícia foi insultada e agredida pela população.
Os grupos pró-imigrantes também manifestaram sua preocupação com a mudança de atitude entre os italianos, geralmente vistos como tolerantes.
O Fórum para a Comunidade Estrangeira na Itália disse que o mais preocupante não são os ataques, mas "a prontidão do povo comum em defender o racismo".
Segundo a organização, há um ataque racista por dia na Itália, país que abriga oficialmente um milhão de imigrantes. Estima-se que existam mais 500 mil imigrantes não-oficiais.
Para Teodoro Buontempo, deputado romano neofascista, os nove "skinheads" não podem ser considerados membros da direita.
Segundo ele, o "verdadeiro" jovem direitista só briga quando há igualdade de forças. "Sempre um contra um", disse.

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