São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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A mágica dos aumentos; Policiamento ideológico; Vício e virtude; A dívida externa; Questão de prioridade; Disque-sexo; A hora da mulher; Festa contida; A validade do cheque

A mágica dos aumentos
"Sugiro ao ministro Ricupero que para a conversão das despesas do trabalhador (aluguéis, escolas, planos de saúde, etc.), usar a mesma cartola de mágico que foi adotada para a conversão dos salários. O que não é justo perante Deus é converter o salário (única receita) do trabalhador por uma determinada regra ou mágica e, para as despesas, jogá-lo à sorte na arena."
Luiz Eduardo Guimarães Borges (Curitiba, PR)

Policiamento ideológico
"O que pensar de um partido, que ao invés de chamar a nação a ordem e ao progresso, prega a luta de classes? Por que seu programa de governo, nas entrelinhas, passa a idéia de revolução inovadora, com a aprovação de leis reformistas em cem dias? Por que seu candidato à Presidência declara ser mais importante o legítimo do que o legal e, concluindo, diz `o que eu entender que não é crime, vou continuar fazendo'? Por que o vice-candidato fala, à população tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos quando o Estado não tem condições de, em tempo, assegurar essa justiça'? Será que, por se julgarem possuidores da verdade, incitam a população a passar por cima das leis? Será que isto não tem um leve `fedor' de incitação às massas para, se eleitos, criarem uma espécie de policiamento ideológico? O mundo está cheio de exemplos, a história sempre se repete, fala-se uma coisa e pratica-se outra. Os alemães, cubanos, russos etc., que viveram ou vivem sob regime totalitário, que o digam."
Orlando Lovecchio Filho (Santos, SP)

Vício e virtude
"Estranha previsão de totalitarismo faz o sr. Alberto Goldman em artigo à pág. 1-3 de ontem. Peculiar análise de personagem que, nas hostes da ortodoxia de esquerda, já justificou o taticismo oportunista, o centralismo dito democrático e o culto de uma ética que, de acordo com as necessidades políticas de um dado momento, define virtude como vício e vício como virtude."
Olavo Cabral Ramos Filho (Rio de Janeiro, RJ)

A dívida externa
"O sr. Bernardo Kucinski, membro do grupo de economia do PT, informa na edição de anteontem aos leitores da Folha que a dívida externa inviabilizaria o programa de governo do PT e que existem meios de forçar os credores à renegociação. O sr. Kucinski não conhece alguns detalhes do acordo. 1) Se US$ 1 bilhão em garantias não for entregue, esta dívida sem garantia será paga num prazo um terço menor e com juros mais altos; portanto, quem se beneficiaria entregando a garantia adicional não são exatamente os credores, mas o Brasil; 2) Não há necessidade de os US$ 2,8 bilhões de garantia terem data coincidente com os vencimento dos títulos; 3) O Brasil não precisa pagar US$ 9 bilhões ao ano em juros aos credores; se mantiver sua credibilidade externa, vende outros bônus a juros baixos para rolar a dívida; 4) Não existe um só caso de país que tenha confrontado credores e obtido vantagens; 5) Confronto com credores reduz crédito e investimentos e, consequentemente, atrasa o desenvolvimento, a geração de empregos e o bem-estar da população. O PT deveria ser menos emotivo em relação à dívida externa e mais pragmático."
Igor Cornelsen, diretor do West Merchant Bank (São Paulo, SP)

Questão de prioridade
"Realmente, os anos 90 não são os anos 60! Os políticos conseguiram transformar este país em caos nos últimos 30 anos. Vamos às prioridades: Cuba na OEA e depois veremos o que podemos fazer com a miséria."
Gijo Kikuti (São Paulo, SP)

Disque-sexo
"Li com pesar o editorial `Pelo telefone', publicado dia 01/06, onde a Folha resolve defender o direito do cidadão de utilizar os serviços de erotismo por telefone, criado pela Telesp. Seria interessante que fossem explicadas as razões pelas quais se acha que um órgão mantido com o dinheiro do povo deva ser utilizado para atender as fantasias e taras de indivíduos que buscam o sonho para atender seus desejos íntimos. Mesmo num Estado democrático avançado, instituições públicas, como a Telesp, têm funções sociais definidas, ou pelo menos deveriam ter. Se fosse um serviço privado, ninguém poderia reclamar do produto oferecido, mas, em contrapartida, a sociedade contaria com opções oriundas da concorrência, o que coibiria abusos."
José Queid Tufaile Huaixan (São José do Rio Preto, SP)
Nota da Redação – As linhas eróticas são justamente um serviço privado apenas intermediado pela Telesp, que, aliás, detém o monopólio das linhas telefônicas em São Paulo.

A hora da mulher
"Excelente o artigo de Josias de Souza `A anti-revolução sexual'. Depois de tanta luta para conquistarmos nosso espaço, aparece alguém como Gardênia, com frases do tipo `a mulher tem experiência de economia doméstica' ou Íris, que se diz `representante das donas-de-casa'. Nada contra as donas-de-casa, mas, às portas do século 21, é hora de a mulher dividir de verdade este papel com seus respectivos companheiros."
Kelly Botigeli Sevegnani (Nova Odessa, SP)

Festa contida
"Com a eleição de um novo presidente da República, o Itamaraty e o Planalto já devem estar-se preparando e fazendo planos para a cerimônia da posse. Espero que a imprensa e, sobretudo, a Folha , não deixe que se façam os gastos exorbitantes e supérfluos que são realizados neste evento: pagamento de hotéis para as delegações estrangeiras, bem como aluguel de veículos, além das despesas com a recepção para cerca de 500 pessoas. Em suma, um gasto faraônico para um país de miseráveis. Procure saber quanto custaram as posses do general Figueiredo, do senador José Sarney e do Collor. São milhões de cruzeiros, sem nenhuma garantia de retorno, que só servem para afagar o ego de quem toma posse. Espero que a Folha se interesse pelo assunto e mande examinar a fundo uma cerimônia que deveria contar, no máximo, com os embaixadores estrangeiros credenciados junto ao governo brasileiro. O país que quiser mandar representante especial, que arque com os custos."
Pedro Luiz Farias (Nova York, EUA)

A validade do cheque
"Embora representantes do governo afirmem que os cheques emitidos em cruzeiros reais podem sem compensados até o dia 15/07, lembramos que a lei do cheque e a convenção de Genebra estabelecem que `... o cheque pode ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e no prazo de 60 dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior."
João Ferreira de Freitas Filho (Curitiba, PR)

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