São Paulo, quinta-feira, 9 de junho de 1994
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Lula admite terminar as obras da ferrovia Norte-Sul

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTO

A ferrovia Norte-Sul poderá ser concluída num eventual governo do PT. A afirmação foi feita ontem por Luiz Inácio Lula da Silva na cidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES).
A Norte-Sul foi um dos projetos mais polêmicos do governo de José Sarney (1985-1990), que tem agora seu apoio disputado pelos candidatos presidenciais.
Anteontem, o filho do ex-presidente deputado Sarney Filho (PFL-MA), em discurso na Câmara, elogiou Lula por ser o único presidenciável a se comprometer com a continuidade da obra.
Atrás do apoio de Sarney, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Orestes Quércia (PMDB) também já se disseram simpatizantes da conclusão da Norte-Sul, menina-dos-olhos de Sarney.
"Sempre defendi a necessidade da ferrovia, só questionava a concorrência que privilegiava empreiteiras", afirmou Lula.
Em 1987, a Folha revelou que a licitação para obra havia sido fraudada através de um acordo entre as construtoras que a disputavam.
A conclusão da ferrovia, segundo o candidato, dependerá de estudos técnicos.
Lula iniciou o dia de ontem com uma reunião com cerca de 600 líderes religiosos, em Vitória.
Disse que "nunca tive vergonha de dizer que creio em Deus, ao contrário de alguns intelectuais", numa ironia a FHC, que na campanha paulistana de 85 claudicou ao responder se acreditava em Deus.
O controle e uso dos meios de comunicação também foram criticados por Lula para a platéia religiosa. "A TV também contribui para fomentar a violência quando só mostra nêgo (sic) atirando, matando", acha.
Uma das receitas para superar o problema, de acordo com Lula, é a criação de uma rede estatal de abrangência nacional. "Não é possível que nove famílias controlem 90% dos meios de comunicação e possam fazer veto ideológico".
Em três dias em campanha no Espírito Santo, o petista, entre outras coisas, prometeu não deixar nenhuma criança fora da escola, parcelar débitos de empresários, fazer a reforma agrária e subsidiar o crédito rural.
Perguntado de onde tiraria recursos para honrar tantos compromissos, Lula disse que o Orçamento da União é suficiente para isso.
"Basta não dar dinheiro para projetos empresariais desnecessários", acha.
À noite, o petista retornou a Vitória para cumprir seu último compromisso no Espírito Santo. Participou de um comício que reuniu cerca de cinco mil pessoas.
No discurso, Lula insistiu em rebater a tese de que não tem experiência administrativa. "Os meus adversários não têm o diploma de conhecer a vida e a alma do nosso povo como eu tenho".
Dez minutos após Lula deixar o palanque, um menino aparentando dez anos morreu ao ser atropelado por um caminhão. A criança se dirigia para um ponto de ônibus em companhia de um adulto, aparentemente embriagado.
Hoje em São Paulo, o presidenciável apresenta aos diretórios do PT, através da TV Executiva da Embratel, o programa do partido contra o desemprego.

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