São Paulo, quinta-feira, 9 de junho de 1994 |
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Campanhas utilizam funcionários públicos
CYNARA MENEZES; AMÉRICO MARTINS
As campanhas do PT, PSDB e PPR à Presidência estão utilizando assessores diretos pagos pelo contribuinte. O uso de funcionários mantidos por órgãos públicos na campanha é ilegal. Três assessores recebem do Senado, mas estão trabalhando nas campanhas de Esperidião Amin (PPR), e dos candidatos a vice José Paulo Bisol (PSB) e Guilherme Palmeira (PFL). Segundo o corregedor eleitoral do Estado de São Paulo, Márcio Martins Bonilha, a utilização de funcionários pagos pelo Senado na campanha é ilegal. "Não é uma prática salutar", disse. Ele se baseia no artigo 377 do Código Eleitoral. O artigo diz que "o serviço de qualquer órgão público não pode ser utilizado para beneficiar partido". Jairo Bisol, filho mais velho do senador José Paulo Bisol (PSB), é secretário parlamentar lotado no gabinete do próprio pai e recebe cerca de 1,5 mil URVs por mês (Cr$ 3 milhões). Apesar de trabalhar no Senado, ele tem viajado em campanha com o pai. Ontem, ele estava no Espírito Santo, onde Bisol e Lula faziam campanha. Ele deve começar a trabalhar também em São Paulo, numa sala do comitê de Lula destinada ao candidato a vice. Roberto Barbosa, assessor direto do candidato a vice de FHC, senador Guilherme Palmeira (PFL), deixa o gabinete toda vez que os tucanos saem em campanha pelo país. Ele diz que só pretende se licenciar do cargo de assessor da gráfica do Senado "quando a campanha começar de verdade". Segundo Barbosa, "nem o senador se licenciou ainda". Assessor mais próximo do senador Esperidião Amin, Ciro Cândido Silva também o acompanha em suas atividades como candidato do PPR à Presidência. Ciro estava ao lado de Amin ontem, durante corpo-a-corpo no Conjunto Nacional, shopping de Brasília, às 14h, horário de expediente normal no gabinete. Cargo de confiança Ele não acredita que esteja exercendo suas funções ilegalmente. "Meu cargo é de confiança, o senador é quem decide onde vou estar trabalhando", disse Ciro. Ciro é secretário parlamentar e recebe, assim como o filho de Bisol, cerca de 1,5 mil URVs mensais, mas não tem vínculo empregatício com o Senado. O senador Bisol disse que ainda não fez uma interpretação da legislação eleitoral para saber se o filho pode ou não trabalhar em sua campanha sem se afastar das funções de secretário parlamentar. Ele argumentou que ainda não fez a interpretação porque seu esquema de campanha ainda não foi definido. Bisol só recebeu a sala no comitê de Lula em São Paulo na última segunda-feira. O senador afirmou que vai "cumprir a lei" caso fique constatado que Jairo deve mesmo se afastar de suas funções para atuar na campanha. Pessoalmente, acha "normal" que seus assessores o acompanhem em viagens. Jairo tem acompanhado o pai nas viagens de Lula e Bisol pelo país. Ele integrou a comitiva do PT na viagem de Lula ao Espírito Santo. Na última caravana da cidadania, em Brasília, o filho do candidato a vice deixou de ir ao trabalho para fazer campanha. Texto Anterior: Com real, PT e PMDB gritarão "estelionato" Próximo Texto: Comissão do Senado pede a cassação de peemedebista Índice |
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