São Paulo, quinta-feira, 9 de junho de 1994 |
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Agência usa erotismo e nudez contra a Aids
NELSON BLECHER
Os atores Jarbas Toledo e Christiane Tricerri simulam o ato sexual equilibrando-se sobre uma mureta no topo de um arranha-céu. As cenas iniciais mostram o casal aos beijos e excitado chegando ao terraço do edifício. Antes de subir à mureta, ambos se despem. São exibidos detalhes dos seios e pelos pubianos da atriz. O sutiã é levado pelo vento. "Com camisinha qualquer sexo é seguro", diz o slogan do comercial, rodado em preto e branco, com 45 segundos de duração e veiculação prevista a partir desta semana, em rede nacional de TV. "Nunca vi coisas ousadas neste nível em campanhas similares, nem no exterior", declarou ontem o médico Dráuzio Varella, especialista em Aids, após assistir ao filme. A versão de mídia impressa manterá o mesmo grau de ousadia, ao exibir fotos da modelo Beth Prado "transando" em pleno trânsito de avenidas movimentadas de São Paulo. Afora reclamar de alguns arranhões que ganhou durante as filmagens, ao se deitar na mureta de cimento, Christiane Tricerri diz que ficou satisfeita com o trabalho. "Sou separada há dois anos e constatei que brasileiros, mesmo com nível universitário, não querem usar camisinha", contou a atriz. Christiane diz que costuma recorrer a "manobras" eróticas para introduzir o preservativo nos parceiros. A observação da atriz foi retomada pela advogada Aurea Abbade, presidente do Gapa. "Muitas mulheres reclamam que seus maridos, embora infiéis, recusam-se a usar preservativo". "O problema é que a epidemia está se deslocando para o contingente feminino", diz Varella. Nas prisões, a contaminação por drogas injetáveis está sob controle. "O crack vai acabar com as drogas injetáveis", acrescenta. Para o especialista, a fase de dramatizar a Aids como doença mortal nas campanhas publicitárias parece esgotada. Importante, agora, prossegue ele, é dirigir mensagens para públicos específicos. Têm de ser mensagens leves e positivas, que façam parte do cotidiano". O segundo filme, também em preto e branco, apela para fotografias de obras em prol da campanha mundial anti-Aids do artista búlgaro Christo Javachess. Diz o locutor: "Se o famoso artista plástico Christo conseguiu embrulhar Pont Neuf, em Paris, o monumento a Cristóvão Colombo em Barcelona e uma ilha inteira na costa de Miami, não é possível que você não consiga embrulhar algo bem menor". Texto Anterior: Secretaria proíbe venda de remédios importados Próximo Texto: Moradores de São Paulo sentem tremor de terra durante a noite Índice |
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