São Paulo, quinta-feira, 9 de junho de 1994
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Teleférico leva às quedas de Reichenbach

DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

Mesmo sem as atrações sherlockianas, Meiringen –situada a 32 km de Interlaken e a 610 metros acima do nível do mar, no largo vale do rio Aar, com altas montanhas de ambos seus lados– é um lugar muito especial. Quem vai para lá não deve deixar de visitar as cataratas.
Conan Doyle conhecia bem a Suíça e, depois de ser agraciado com o título de "Sir", comprou um castelo antigo na cidade de Lucens, 32 km a norte de Lausanne. Em "The Final Problem" ele descreveu as cataratas de Reichenbach:
"Inchada pela neve derretida, a torrente mergulha num abismo tremendo, do qual a espuma se eleva como a fumaça de uma casa incendiada. A fenda na qual o rio se atira é uma ravina imensa cujos lados são formados por reluzentes rochas negras como carvão, e que se estreita num fosso borbulhante de profundeza incalculável, que transborda e faz o rio atirar-se para a frente, passando por sua beirada cortante. A longa expansão da água verde que se atira sempre para baixo, e a espessa cortina de espuma que se eleva perpetuamente, deixam o homem tonto com seu clamor e seu turbilhão constantes".
Hoje as cataratas são iluminadas por spots, nas noites de verão. O teleférico sobe até um ponto situado a 830 metros de altitude, perto dos terraços protegidos por grades de onde se vêem as cachoeiras.
A inevitável placa memorial, escrita em inglês, que se vê no ponto final inferior da linha do teleférico diz: "Sobre este `caldeirão medonho' se desenrolou o acontecimento culminante da carreira de Sherlock Holmes, o maior detetive do mundo, quando no dia 4 de maio de 1891 ele derrotou o professor Moriarty, o Napoleão do crime. Erigida pelos exploradores noruegueses de Minnesota e pela Sociedade Sherlock Holmes de Londres. 25 de junho de 1957".
A data de 1891 foi a citada por Conan Doyle em seu relato da luta fatal de Holmes com o chefe do "mais poderoso sindicato de criminosos no mundo". As "Memórias de Sherlock Holmes", 11 contos que incluem "The Final Problem", foram publicadas em 1893.
Museu
No dia 4 de maio de 1991, exatamente 100 anos depois da suposta morte do detetive, mais de cem fãs vestindo roupas vitorianas e carregando bengalas, sombrinhas e maletas Gladstone se reuniram em Meiringen para participar da inauguração do museu dedicado a seu ídolo.
A Sociedade Sherlock Holmes de Londres e Jean Conan Doyle, filha do autor e ex-comandante da Real Força Aérea Feminina, assumiram o patrocínio do museu.
A ex-igreja que abriga a coleção foi construída em 1868, quando turistas britânicos costumavam encher a cidade e outros locais turísticos das cercanias. A pequena igreja foi comprada pela prefeitura da cidade em 1974.
No porão da igreja a sala-de-estar do detetive na casa de Baker Street, de propriedade da sra. Hudson, foi recriada cuidadosamente, seguindo descrições feitas por Conan Doyle em vários trechos de seus contos.
Há a lareira, com a correspondência de Holmes presa a sua prateleira com um canivete; um exemplar do "The Times" de Londres no chão; móveis e papel de parede do tipo que a senhoria vitoriana poderia haver escolhido; xícaras de chá e pratos sobre uma mesa quadrada e, entre duas janelas largas, sabres e outros suvenires trazidos pelo dr. Watson de seus tempos de serviço militar no Afeganistão.
Outros artigos expostos no museu incluem fac-símiles dos manuscritos de Conan Doyle, um retrato do autor e um desenho em água-forte de Stoneyhurst, a escola na qual ingressou em 1868, com outro garoto novato chamado Sherlock, e onde em 1873 ele foi um dos alunos que ganharam prêmios, ao lado de um colega chamado Moriarty.

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