São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
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Os anões

Os anões
SÍLVIO LANCELLOTTI
Na terra d

SILVIO LANCELLOTTI

SÍLVIO LANCELLOTTI
Na terra dos anões do orçamento, só mesmo um Dunga poderia ser o capitão da seleção. Com a observação, eu não pretendo desrespeitar o homem que veste a camisa número 8 do Brasil. Ao jogador, porém, eu tenho todo o direito de lançar as minhas ironias, apesar do petardo de trivela que ele desferiu contra a meta da seleção de Honduras. Depois de Dunga, o outro astro mais habilitado a envergar a braçadeira obviamente é Ricardo Gomes, o melhor beque do país depois de Gralak.
Anedotas masoquistas à parte, porém, eu mudo de latitude para tratar de coisas tentativamente sérias. "Inacreditável, mas eu ainda preciso explicar como funciona o 4-3-3", observou, dias atrás, o mister da "Squadra Azzurra", o já impaciente Arrigo Sacchi. Enquanto os periodistas cá destas plagas tropicais imploram à dupla Parreira & Zagalo uma equipe mais livre e ofensiva, sem a prisão dos cabeças de área exclusivamente marcadores, lá na Velha Bota os coleguinhas jornalistas cobram de Sacchi mais segurança na retaguarda. No caso me bate uma triste perplexidade. Por que não invertemos os treinadores?
Depois que a federação da Holanda desprezou a possibilidade de contratar o ousado e agressivo Johan Cruyff, Sacchi se tornou, subitamente, a grande esperança de re-modernidade no Mundial. Afinal, depois de décadas de 4-4-2, de 4-5-1 e, até recentemente, de 3-5-2, o planeta tem a chance de ver de novo um time com três avantes na sua escalação –e existe quem tema pelos resultados, digamos, dessa idiossincrasia.
Não incluo na minha relação de times ousados a Colômbia e Camarões. Admiro a tranquilidade de Francisco Maturana, que dirige a seleção, um técnico capaz de viajar ao Japão, com o Nacional de Medellin, para enfrentar o Milan na Copa Toyota, sem um goleiro de reserva. Então, na decisão do Interclubes de 89, só carregou consigo o seu folcórico René Higuita. A sua explicação: "Higuita é mais um líbero do que um arqueiro. Usa os pés, mais do que as mãos. Se Higuita se machucar, eu ponho um zagueiro no seu lugar". Gloriosa solução. A Colômbia, contudo, na minha opinião, brinca em demasia e os tentos que desperdiça certamente lhe farão falta numa decisão. Camarões, de seu lado, entra na Copa sem comando, um elenco desunido de personalistas imaturos.
Em tempo, o capitão da Itália se chama Franco Baresi.

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