São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
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Gênero é filhote das festas rave dos anos 80

FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

Madchester, "baggy" ou indie-dance, foi um "movimento" do rock inglês que começou em 89 e definhou lá por 91.
Depois que o indie inglês perdeu a graça ("circa 86"), esses "movimentos" vinham e iam sem que ninguém fora do mundinho indie notasse muito.
Manchester foi a exceção. Era excitante, tinha música boa, hits e uma proposta aberta: a fusão musical, estilística e de modo de vida do rock indie com as raves.
Essas festas tinham estourado de tal forma no Reino Unido em 89 que ninguém ficou ileso. O termo "baggy" surgiu a partir das calças folgadas, parte integrante do vestuário rave da época, que também incluia muita camiseta com capuz e tênis Adidas.
Nove entre dez bandas eram de Manchester, que com suas raves insanas foi rebatizada de Madchester –trocadilho com mad, louco.
O LP de estréia do Stone Roses e os remixes de Paul Oakenfold para o EP "Madchester Rave On", do Happy Mondays, foram as primeiras injeções funky no formato indie-guitar band. As influências dos anos 60 (Velvet, Byrds) foram renovadas por uma batida boa de dançar.
Em 90, aconteceu a enxurrada: Charlatans, Blur, Inspiral Carpets, Ride, High, Flowered Up, Instatella, Mock Turtles, Northside etc. Quase todos de Manchester.
Bandas indie de outras épocas também aderiram em massa como My Bloody Valentine ("I'm Free", maior hit indie-dance no Brasil) e o Primal Scream. Este foi responsável pelo registro final do sacolejo indie-dance: o estupendo LP "Screamadelica" que registra todas as nuances da experiência rave: o ecstasy, as trips, a descida.
Em janeiro de 91, o Happy Mondays tocou no Rock in Rio. Ao final desse mesmo ano, o baggy estava definitivamente enterrado. Motivo: não houve progressão, só uma multidão de bandas batendo na mesma tecla e saturando totalmente o som. Aí o grunge entrou em cena.

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