São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994 |
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Propostas econômicas aproximam PT e PMDB
VINICIUS TORRES FREIRE
Para lulistas e quercistas, "estabilização" significa arrocho e destruição da economia nacional. Acham possível a retomada quase que imediata do crescimento. E, nesta eleição, os times de economistas se definem pela oposição aberta ou adesão calculada ao chamado "consenso de Washington". A expressão nomeia a receita estipulada na era Reagan para resolver a crise inflacionária e de insolvência de países como o México, Argentina e Brasil. PT, PMDB e PDT jogam no time dos contra. PSDB–PFL, PPR e PL, chamados pelos adversários de neoliberais, assumem muitas das medidas de Washington. Em resumo, elas significam a facilitação de importações, redução de gastos e da intervenção estatal e o pagamento –renegociado em termos propostos pelo governo americano– da dívida externa. O intenção das medidas seria preparar as economias para a retomada do crescimento. As condições: fim da inflação pela eliminação do déficit público. O objetivo final da receita de Washington é comum aos dois "times". Como no futebol, todos querem fazer gols. A diferença é que PT e PMDB querem jogar o tempo todo no ataque. Seus adversários preferem defender primeiro. A defesa se chama "estabilização". É preciso reconstruir primeiro a moeda –condição para a retomada do desenvolvimento. Ao mesmo tempo, seria feita a integração ao mercado mundial, através da exposição da indústria nacional à concorrência externa, para aumentar a eficiência interna. Para PT e PMDB, isto está sendo feito de maneira não-programada, o que desindustrializa o país. Para os dois partidos, a estabilização da moeda significa arrocho salarial para conter o consumo e transferência de renda como modo de compensar perdas de empresas geridas em regime de indexação. PT e PMDB querem jogar no ataque. São acusados de desenvolvimentistas sem fundamento. Querem crescimento e distribuição de renda quase que simultâneas ao processo de redução da inflação. Privatização Para os dois partidos, é possível restaurar de imediato a capacidade estatal de coordenar e atrair investimentos. Opõem-se à privatização ou não a consideram fundamental. Avaliam que a retomada dos investimentos depende da criação de políticas setoriais, específicas, acertadas entre trabalhadores (mais no caso do PT), governo e investidores, que atrairiam capital externo antes da "estabilização". Faltaria apenas coordenação do Estado para reorientar recursos existentes para pólos de desenvolvimento que atrairiam capital. Para tanto, basta redirecionar prioridades orçamentárias. Texto Anterior: Veja como foi feita a pesquisa Próximo Texto: Líder na Câmara quer demissão de Dallari Índice |
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