São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994 |
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Evangélicos querem duplicar a bancada
LUCIO VAZ
Com cerca de 25 milhões de fiéis, segundo avaliação de parlamentares da bancada, as igrejas evangélicas teriam potencial para eleger até mais deputados e senadores. Mas nem todas seguem a hierarquia centralizada da Igreja Universal. Comandada pelo bispo Edir Macedo, esse grupo religioso escolhe os seus candidatos através de uma fórmula que lembra o "centralismo democrático" empregado pelas organizações políticas da esquerda ortodoxa. O Conselho Bispal, composto por oito ou dez bispos, faz uma reunião nacional e escolhe os candidatos de cada Estado. Os fiéis (cerca de 1 milhão) são orientados a votar apenas nestes candidatos. Esta fórmula centralizadora é seguida em parte pelas demais igrejas pentecostais, como a Assembléia de Deus, a Igreja de Deus e a Casa da Bênção. A diferença é que nestes grupos religiosos as decisões são tomadas em cada Estado ou cidade. As igrejas protestantes históricas, como a Batista, a Presbiteriana, a Metodista e a Luterana, não fazem opção preferencial por candidatos. Mas seus pastores que optam pela carreira política acabam tendo apoio dos fiéis. Tanto os históricos como os pentecostais têm em comum o menosprezo pelos partidos e o interesse por temas ligados à família, como aborto, divórcio, homossexualismo e prostituição. Os evangélicos seguem a máxima de que "cristão vota em cristão", independente do partido ao qual o crente for vinculado. A estrutura da igrejas pode ser utilizada para ajudar na eleição de candidatos evangélicos. A Igreja Universal dispõe de uma rede de televisão (Record) e emissoras de rádio em diversos Estados. No período eleitoral, os pastores de muitas desses grupos se transformam em cabos eleitorais. Jornais de circulação entre os fiéis também são utilizados para divulgar as candidaturas. O deputado Luiz Moreira (PFL-BA), da Igreja Universal, diz que todos os pastores dos 160 templos da Bahia serão seus cabos eleitorais. "E teremos ainda os obreros destas igrejas", afirma. Moreira afirma que a orientação do Conselho Bispal é seguida à risca pelos pastores. "Nossa hierarquia é centralizada", explica. Sabendo os votos disponíveis na Bahia, a Igreja Universal lançou um candidato a deputado federal e dois a deputados estaduais. As demais grupos religiosos não têm a mesma organização. O deputado Arolde de Oliveira (PFL-RJ) afirma que os dois milhões de evangélicos fluminenses poderiam ter eleito até 20 deputados em 90. O surgimento de um número excessivo de candidatos dessas igrejas, porém, garantiu a eleição de apenas sete. "Os votos dos evangélicos acabaram ficando para as legendas, para eleger não-evangélicos", analisa o deputado. Um ponto comum na atividade parlamentar dos evangélicos é o apoio ao governo. Arolde de Oliveira explica esta tendência: "Nós queremos liberdade para divulgar nossas idéias, para ir à praça pública, para ter rádio e televisão". A apoio da bancada evangélica ao então presidente José Sarney rendeu emissoras de rádio e televisão para alguns de seus membros. Eles defenderam o mandato de cinco anos para Sarney no Congresso constituinte de 88. Texto Anterior: Amin quer rever estratégia e imagem Próximo Texto: Apoio a Sarney rendeu concessões de rádio e TV Índice |
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