São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Planos de saúde pesam mais no seu bolso

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os planos de saúde vão entrar na fase do real pesando mais no bolso do consumidor. Os aumentos reais (acima da inflação) aplicados pelas empresas nas mensalidades de junho são de 30%, em média.
Suponha, por exemplo, um consumidor com salário de 3.000 URVs (Unidades Reais de Valor) que comprometa 10% de seu rendimento no pagamento de um plano de saúde. Ou seja, 300 URVs.
Com um aumento real de 30%, ele passará a pagar 390 URVs mensais pelo seu plano. O comprometimento da renda com essa despesa pula de 10% para 13%.
Como a maior parte das empresas já converteu seus contratos para URV, não haverá mudança de valor na passagem para o real.
Isto porque o governo não definiu regras de conversão para os planos de saúde e na mudança de moeda cada URV valerá um real.
As explicações das empresas para estes reajustes baseiam-se, principalmente, no repasse de aumentos reais aplicados por outros setores na conversão de seus valores para URV (ver quadro ao lado).
Segundo Waldemar Ferreira Neto, gerente geral da Interclínicas, houve ainda um reajuste extra de 5,88% em seus planos.
Ferreira explica que os contratos da empresa prevêem aumentos pelo IGP, com 60 dias de defasagem. Ou seja, o IGP de abril reajusta a mensalidade de junho. Na transformação para URV, essa defasagem foi eliminada.
No caso da Amil, segundo Antonio Jorge, diretor técnico, os reajustes agora variam de acordo com a data de pagamento. Isto porque as conversões foram feitas com base no dia 1º.
Assim, ficam prejudicados os associados que pagam mais para o final do mês, porque deixam de se beneficar com o ganho da inflação entre o dia 1º e o do pagamento.
Já a Blue Life havia convertido os contratos para URV em maio, com aumento real entre 5% e 6%.
Mas, segundo seu diretor operacional, Luiz Alberto Teixeira Alves, foi preciso incorporar os aumentos dos serviços médicos, hospitalares etc. ocorridos em maio.
Com isso, as mensalidades já em URV tiveram aumento real de 30%, menos os 5% ou 6% incorporados no mês anterior.
Ocorre que, pela lei que criou a URV, contratos já convertidos só podem ser reajustados após 12 meses. Para Teixeira, entretanto, a lei não é clara quanto ao assunto.

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