São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994
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Estréia montagem de Nelson Rodrigues

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Peça: Dorotéia - Farsa Irresponsável
De: Nelson Rodrigues
Direção: Carlos Gomes
Produção; Companhia Ovus 31
Trilha: Carlos Gomes
Elenco: Marta Meolla, Sônia Schuib, Luiza Albuquerque, Rita Castro, Isa Gouveia, Pepe C. e Cecília Borges
Onde: Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Salles Gomes (r. Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611)
Quando: de 16 de junho a 10 de julho. Quinta a sábado às 21h, domingo às 20h
Quanto: CR$ 8.500 (preço único)

A peça "Dorotéia - Farsa Irresponsável" estréia hoje, às 21h, no Centro Cultural São Paulo.
O texto de Nelson Rodrigues foi escolhido pelos atores por se tratar de uma abordagem da psique feminina.
A história mostra o conflito entre a personalidade de Dorotéia, prostituta que acaba de perder seu filho, e a de suas primas, viúvas cheias de preconceitos.
"É o confronto entre a feminilidade da personagem e a náusea da decadência da razão", diz o diretor Carlos Gomes.
Na peça, Dorotéia veste-se de vermelho, e as outras atrizes, de negro "para explicitar bem este contraponto", diz ele.
Ao procurar abrigo entre suas familiares, Dorotéia é obrigada a passar por uma prova: abrir mão de sua beleza e de sua vivacidade, símbolos femininos.
"A peça trabalha com metáforas, na verdade ela se passa no inconsciente das pessoas", diz Marta Meolla, que interpreta Dorotéia.
Segundo ela, a abordagem desta montagem enfatiza as abstrações possíveis a partir do texto. "O absurdo está presente, mas ele tem a sua lógica", diz.
A atriz trabalha paralelamente com um grupo de prostitutas na Estação da Luz.
Este trabalho de assistência deu-lhe subsídios para encarnar a sua personagem, porque possibilitou melhor compreeensão do universo feminino.
"Percebi que Nelson Rodrigues não inventou nada, apenas colocou uma lente de aumento numa realidade que está aí, é a própria vida", diz ela.
"O texto mostra o lado romântico de Nelson Rodrigues", diz a atriz Cecília Borges. Ela faz o papel de Maria das Dores, filha de uma das viúvas.
Segundo ela, através de sua personagem também ficam claras algumas idéias recorrentes nos textos do autor.
"Maria das Dores é a expressão do princípio de que não existe sexo sem amor", diz Cecília.
O diretor Carlos Gomes já trabalhou com o Movimento de Teatro Físico Londrino.
Sua montagem de "Dorotéia" tem muito desta influência, pois a expressão corporal é parte importante do espetáculo.
Carlos Gomes considera "Dorotéia", a obra mais universal de Nelson Rodrigues. "É onde ele extrapola seus limites", diz ele.
"Dorotéia" fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Salles Gomes até dia 10 de julho, com espetáculos de quinta a domingo.
A partir de 14 de julho, a peça vai para o Teatro da Cultura Inglesa (r. Deputado Lacerda Franco, 333, Pinheiros, tel. 011/814-0100).

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