São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994 |
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Os militares e o crime
GILBERTO DIMENSTEIN BRASÍLIA – Recebi ontem telefonema do cientista político e advogado Paulo Sérgio Pinheiro, um dos maiores estudiosos sobre violência no Brasil. Ligou para responder à pergunta lançada na coluna sobre se as Forças Armadas deveriam ir às ruas para ajudar no combate à criminalidade. Sua resposta: não.Ele acredita que o Exército não está preparado para enfrentar o crime, já que foi treinado para a guerra. Acrescentou que se os militares acabarem nas ruas não haverá caminho de volta. O fundamental, acrescentou, é melhorar a polícia e o Judiciário, reduzindo a sensação de impunidade. Pinheiro afirma que as Forças Armadas poderiam ajudar no combate à criminalidade caso aprimorassem a fiscalização nas fronteiras, atacando o contrabando de armas. O deputado José Genoino, um dos maiores especialistas do PT em militares, acha que os quartéis deveriam dar apoio à Polícia Federal na luta contra o narcotráfico, emprestando sua infra-estrutura –e, como Paulo Sérgio Pinheiro, não quer ver os soldados no enfrentamento direto de criminosos. Uma interessante idéia veio ontem do economista Antonio Kandir, alarmado com a onda de assassinatos: um mutirão nacional pelo desarmamento. É uma operação que envolveria as polícias civil, militar, recebendo apoio logístico das Forças Armadas. "As cidades estão ficando um inferno", diz. Está um bom projeto para a nação, envolvendo governo e sociedade civil: desarmar a população. PS – Protestando contra comentário publicado nesta coluna, o deputado Miguel Arraes enviou carta ontem dizendo que nunca fez lobby para usineiros. Disse ainda que "jamais" se dirigiu ao Banco do Brasil "ou a qualquer órgão público solicitando favores para usineiros ou quem quer que seja". Feito o registro, lembro entrevista à Folha, publicada no dia 5 deste mês, de Gerson Leão, presidente do Sindicato Pernambucano dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar. Ele agradeceu a Miguel Arraes por ter obtido empréstimo do Banco do Brasil em 1992, durante o governo Collor. Texto Anterior: Buchada de bode Próximo Texto: O real e o cavalo inglês Índice |
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