São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Consumidor ainda hesita em usar cheque pré-datado na nova moeda
MÁRCIA DE CHIARA
"Cerca de 90% das nossas lojas estão aceitando cheque pré-datado em real", diz Wanderley Cruz, superintendente do shopping Eldorado, com 380 lojas. O consumidor, no entanto, está indeciso quanto à essa forma de pagamento. Segundo Cruz, existe um certo receio em preencher um cheque na nova moeda. Essa desconfiança se traduz em números. A Goodcheck, empresa que presta informações e dá garantia a cheques, registrou queda de 14,83% na emissão de pré-datados entre os dias 26 de abril e 25 de maio, em São Paulo, na comparação com período imediatamente anterior. Em relação a maio de 93, o recuo foi de 38,86%. Apesar de não ter os dados segmentados, Reinaldo Calçade, gerente de marketing da Goodcheck, atribui parte desse recuo ao fato de o pré-datado em real não ter emplacado. A outra parte, é resultado da queda na emissão de pré-datados em cruzeiros reais com a proximidade da troca de moeda, afirma. Em junho, Calçade prevê um ligeiro crescimento na emissão de pré-datados. Isso porque o Banco Central informou na semana passada que cheques em cruzeiros reais podem ser compensados até 31 de julho. Enquanto o real não chega, os negócios à vista lideram as vendas, informa Cruz, do Eldorado. O mesmo foi constatado por André Hollander, diretor comercial da Modélia, loja especializada em roupas femininas. "Hoje 80% de nossas vendas são à vista. Os negócios com pré-datado em real são esporádicos e não chegam a 5%", diz. A Modélia resistiu até a semana passada a adotar o pré-datado em real. Segundo Hollander, sua empresa só resolveu aderir à essa forma de pagamento para não limitar a venda em duas vezes, com prazo de 15 dias. A loja aceita cheque em cruzeiros reais só até 30 de junho. Motivo: não dá para saber qual o valor da URV em julho e projetar o preço em cruzeiros reais para aceitar cheques pré-datados nessa moeda até final de julho, explica Hollander. Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o cheque pré-datado em real só deslancha a partir de 1º de julho. "O consumidor não está familiarizado com a grafia e a fórmula de conversão das moedas. Na dúvida, prefere aguardar", argumenta. A consulta ao Telecheque da ACSP, que capta também as vendas com pré-datados, fechou maio com queda de 4,8 sobre mesmo mês de 93. Em junho, a queda persiste. Nos primeiros 12 dias do mês, a média diária de consultas caiu 1,8% em relação a igual período do ano passado. Texto Anterior: CUIDADOS NA CONVERSÃO PARA REAL Próximo Texto: Estado e município deverão adaptar as regras à inflação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |