São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Comer fora de casa ficou 548,33% mais caro este ano

Movimento cai até 40% nos restaurantes de S. Paulo

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano reduziu a frequência aos restaurantes. O movimento este mês chega a ser até 40% menor do que em igual período do ano passado.
Essa queda foi verificada, por exemplo, no L'Atmosphere. Para José Cordeiro, gerente, o consumidor evita gastar, com receio da troca da moeda.
No levantamento da Associação Paulista de Restaurantes, a receita real das empresas caiu entre 10% e 20%, em média, na primeira quinzena deste mês -em relação a igual período de maio e de junho de 1993.
"Está caro comer fora", diz Oswaldo Benvenuti, presidente da associação. Segundo ele, os preços do leite, da carne e derivados subiram 40% acima da inflação só na virada deste mês.
Resultado: os cardápios encareceram. Pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), no município de São Paulo, mostra que de dezembro de 93 a maio de 94 o preço da alimentação fora de casa subiu 548,33%, contra uma inflação de 483,83%. Um aumento real de 11,05%,.
O "feeling" de Benvenuti é o de que os aumentos reais não param. "Dentro de seis a oito meses, comer fora de casa em São Paulo vai custar o mesmo do que em Buenos Aires (Argentina) e Miami (EUA)."
Segundo ele, os cardápios dos restaurantes de São Paulo são hoje até 30% mais baratos, em dólar, do que os daquelas duas cidades.
Belarmino Iglesias Filho, sócio-proprietário do Rubaiyat, diz que urvizou os preços no último dia 8, com base na média dos últimos quatro meses.
Segundo ele, o número de clientes é praticamente o mesmo do de igual período do ano passado. Para julho, ele espera queda de 10% no movimento, em relação a julho de 1993. "Isso porque o consumidor vai se assustar ao ver seu saldo no banco dividido por três."
Para Javier Faus Neto, diretor de marketing do Galeto's, o paulistano reduziu gastos com restaurantes desde maio. Ele conta que o movimento caiu 5% no mês passado, na comparação com igual período de 1993. Na sua análise, essa queda deve se manter neste mês.
No Almanara, o movimento caiu 8% este mês, na comparação com maio, e 5% sobre igual período de 1993. "Há expectativa da sociedade por conta do real", afirma Douglas Coury, diretor-administrativo.
Mudança de hábito
Moacir Ortega, 35, gerente-geral da agência Conjunto Nacional do BCN, é frequentador assíduo de restaurantes.
Ele gasta cerca de US$ 500 por mês com alimentação fora de casa. E não reclama. "Adoro comer fora. Dá para variar todos os dias."
É que a esposa Gizela, 34, "não gosta muito de cozinha", brinca. E mais: também gosta de restaurantes.
Na análise de Ortega, os restaurantes que frequenta subiram 10% os preços, em dólares, na entrada de junho. Se os aumentos reais persistirem, afirma, vai reduzir a frequência aos mais caros.

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