São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994 |
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PFL teme que Itamar prejudique FHC
EMANUEL NERI
Os pefelistas também receiam que iniciativas isoladas de Itamar prejudiquem o Plano Real, principal trunfo da campanha. Uma das preocupações é com um possível aumento para o funcionalismo. Para os pefelistas, há sério risco de desequilíbrio do déficit público e do fracasso do real caso Itamar ceda às pressões do funcionalismo civil e militar e aumente salários. Os aliados de FHC também se preocupam com outra medida que poderá ser adotada por Itamar, contrariando o plano –o tabelamento dos juros em 12%. Um terceiro ponto também é motivo de preocupação –a Medida Provisória que definiu a conversão das mensalidades escolares em URV. Temem que o mesmo possa ocorrer com os aluguéis. No caso das mensalidades, os pefelistas acreditam que, em um primeiro momento, a MP pode ser favorável a FHC. Mas depois trará desgastes porque criará atritos entre pais de alunos e escolas. Segundo esses pefelistas, o temor com a imprevisibilidade de Itamar também se estende a outros membros da coligação de FHC –inclusive os próprios tucanos. A apreensão aumentou na última quarta-feira, com a notícia da morte de Ariosto Franco, sobrinho do presidente e seu secretário particular. Itamar considerava Ariosto um filho e ficou muito abalado. Os pefelistas temem nova crise emocional do presidente, a exemplo da que ocorreu quando sua mãe morreu, no final de 92. Também há apreensão no PFL com alguns setores do governo. Não foi bem-recebida a decisão do secretário da Receita Federal, Osiris Lopes, de manter a Ufir (Unidade Fiscal de Referência) mesmo com o real. A Ufir é usada para a atualização dos impostos federais. A conclusão dos aliados de FHC é a de que, ao manter a Ufir, o próprio governo contribui para lançar dúvidas sobre o êxito do real. Há queixas ainda contra outros auxiliares de Itamar, como Aluizio Alves (PMDB), ministro da Integração Regional, e Henrique Santillo (PP), da Saúde. Para o PFL, nada que Santillo faz dá certo. No caso de Alves, dizem que ele está se preparando para apoiar a candidatura de Orestes Quércia (PMDB). Para os pefelistas, é inviável o projeto de Alves de levar as águas do rio São Francisco para outros Estados nordestinos. Na verdade, o PFL gostaria de ocupar os lugares preenchidos hoje pelos peemedebistas. Eles vão tentar usar o prestígio de FHC junto ao presidente para conseguir mais espaço no governo. Texto Anterior: Tucano toma guaraná 'Real' Próximo Texto: Amin acha que Lula e FHC são parecidos Índice |
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