São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escritor é processado

DA AGÊNCIA FOLHA

Sete entidades de defesa dos índios entraram na Procuradoria Geral da República com representação contra o escritor Janer Cristaldo, 47.
Baseados em trechos de artigos de Cristaldo publicados na Folha (24 de abril e 8 de maio de 94), as entidades querem processá-lo por crime de racismo (lei 7.716 artigo 20).
O artigo 20 prevê pena de dois a cinco anos para quem "praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional".
Num dos trechos de um texto publicado, Cristaldo compara os índios aos chipanzés.
Assinam a representação entidades como a CCPY (Comissão pela Criação do Parque Yanomami), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a Associação Brasileira de Antropologia.
Janer Cristaldo disse à Agência Folha que antes de processá-lo as entidades deveriam entrar com representação contra os índios que mataram e continuam impunes.
Ele citou o índio caiapó Paiakan, acusado de estuprar uma estudante há dois anos em Redenção (PA), e os índios que "devastam florestas e exportam mogno".
"Essas acusações são mágoas de viúvas, pois, com a queda do comunismo, os novos insultos ideológicos dessas entidades são racismo e preconceito", afirmou.
Cristaldo disse que sua posição é clara. "Matar é crime. Que sejam punidos os brancos que matam índios e brancos e índios que matam brancos e índios".

Texto Anterior: 'Não existem provas materiais da chacina'
Próximo Texto: Ianomâmis vão ingerir cinzas dos mortos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.