São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Advogada ganha direito a aborto

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A advogada Sandra Regina Siqueira Souza, 28, realizou há 25 dias, em Santo André (Grande São Paulo), um aborto depois de conseguir uma permissão da Justiça.
Segundo os médicos, o bebê tinha um problema cardíaco e não sobreviveria após o parto.
"O coração batia um pouco e depois parava. Além disso, havia problemas em diversos órgãos do corpo", disse.
O problema foi detectado aos quatro meses de gestação. Sandra passou por quatro especialistas e todos deram o mesmo diagnóstico.
No quinto mês de gestação, após realizar todos os exames, Sandra e seu marido, Márcio Antonio de Souza, optaram pela interrupção da gravidez.
"Eu sabia há um mês que meu bebê não sobreviveria. O aborto foi a solução."
No entanto, Sandra afirmou que, mesmo tendo os laudos médicos na mão, ainda hesitou.
"Sou mãe e esperava um milagre, mas a gravidez estava complicada."
A advogada disse que após reunir a documentação dos médicos e entrar com uma petição na Justiça a permissão do juiz saiu em 24 horas.
Já Glaucia Muoio Gonçalves Raia, 30, soube aos cinco meses que seu bebê não sobreviveria e, mesmo assim, decidiu levar a gravidez até o final.
A criança morreu quatro horas depois de nascer.
Os médicos explicaram que houve uma malformação durante o desenvolvimento do feto que levou a uma espinha bífida (aberta) e uma hidrocefalia (acúmulo de líquido no crânio).
"Os médicos disseram que não havia chances de sobrevivência, mas eu optei por levar a gravidez adiante porque não queria ir contra a natureza."
Glaucia afirma que ainda tinha esperança. "É uma coisa de religiosidade. Para mim, seria menos traumático ter o bebê do que fazer o aborto", disse.

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