São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Mercado aguarda mudança na TR ou na tributação

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro está convencido de que, em julho, ou muda o redutor da nova fórmula da TR (Taxa Referencial) ou muda a tributação.
O redutor, fixado hoje em 1,2%, serve para equalizar as diversas alternativas de aplicação financeira. De todas, só a poupança é isenta do pagamento de Imposto de Renda.
Para o ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris, o redutor de 1,2% somente suporta um juro real (descontada a inflação) de, no máximo, 2,7% (o que está sendo praticado nos últimos meses).
"Qualquer elevação da taxa real, mantido o atual redutor, vai provocar desequilíbrio no mercado, em favor da caderneta."
Os bancos trabalham com a idéia de um juro real em julho, o primeiro mês da nova moeda, entre 3% e 4% ao mês.
É este ganho que está provocando uma migração dos recursos dos CDBs para as cadernetas.
Segundo dados do Banco Central (BC), até o dia 13, os depósitos superaram os saques em US$ 224,5 milhões. O saldo total das cadernetas (o BC soma também as chamadas cadernetas verdes do Banco do Brasil), no mesmo dia, era de US$ 30,164 bilhões.
Consultado na quarta-feira sobre a possibilidade de mudança no redutor, o diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, disse que "nada estava definido ainda".
No mercado, há quem acredite nas duas hipóteses. Tecnicamente, o redutor deveria ser alterado (subir) –para ficar mais compatível com o juro real que será praticado. Mas, politicamente, teme-se que uma mudança de regra possa provocar nova realocação dos recursos, com possíveis impactos nos preços e na inflação.
É como define o presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), João Batista Gatti. "A hora da verdade das cadernetas vai ser em julho, no momento da renovação".
O mercado aposta que a TR voltará a ser calculada com base nos juros do CDBs prefixados somente em agosto –embora, conforme já afirmou o BC, os CDBs pré já possam voltar a ser negociados em julho. É que somente no final da primeira quinzena do mês é que o volume de recursos e de negócios em CDBs serão suficientes para voltar a servir de base de cálculo.
Exatamente, por isto, os bancos esperam que o BC defina e anuncie rapidamente as regras (especialmente o redutor) de julho e agosto. Não mudando o redutor, a migração dos recursos para a caderneta pode se acentuar na virada de junho para julho.
Alkimar Moura disse que o BC estava analisando o limite imposto por alguns bancos para os depósitos em poupança. No passado, lembrou, o BC baixou medidas para impedir esta prática. Uma delas –não foi dito por ele– é a volta transitória do depósito voluntário.
Os bancos limitam os depósitos em caderneta porque não existe no mercado qualquer operação que sirva de "hegde" (seguro). Ou seja, não há aplicação que garanta um rendimento líquido (descontado os tributos) maior do que TR mais 6% ao ano. Mas haveria se o BC aceitasse o depósito. (JCO)

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