São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Correção pesa mais na dívida agrícola e SFH

DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos que captaram dinheiro em Certificados de Depósitos Bancários indexados à TR e estão financiando sua posição no CDI (interbancário) perdem dinheiro.
Eles calcularam que a Taxa Referencial seria igual ao juro do CDI expurgado de um redutor de 1,2% –conforme se esperava. Feito os cálculos, o CDB poderia pagar 15,38% ao ano mais TR que não haveria prejuízo ao ser rolado dia-a-dia no CDI.
A surpresa foi o prêmio a mais de 1,7% ao ano da TR. Só um CDB que pagassem 13,4% ao ano mais TR ou menos, não daria prejuízo.
Perda maior, porém, estão tendo todos aqueles que têm suas dívidas corrigidas pela Taxa Referencial –é o caso dos financiamentos agrícolas e dos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
O economista Guilherme Dias, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que os preços do arroz de julho e agosto podem estar sendo influenciados pelos juros da TR –se se confirmar a expectativa do mercado financeiro de alta das taxas reais (acima da inflação).
Dias explica que a TR serve de baliza para que se possa avaliar a que preço os estoques financiados por EGFs (Empréstimos do Governo Federal) voltariam a ser vendidos no mercado.
Este ano somente há estoques significativos de arroz em EGFs.
Para ele, porém, o maior impacto da TR será sentido no Sistema Financeiro de Habitação. "Somado o juro real vai ficar salgado para burro."
O impacto sobre os mutuários do SFH se dá de duas formas. Ou diretamente nas prestações ou no saldo devedor, dependendo da forma de contrato.
Peso na prestação
Segundo técnicos da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), não são poucos os contratos em que as prestações não cobrem sequer a quota de juros.
No caso dos contratos regidos pela equivalência salarial, as prestações são corrigidas pela URV (Unidade Real de Valor), enquanto o saldo devedor é corrigido pela TR.
A diferença será em parte coberta pelo próprio governo, responsável pelo FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais).
Segundo a Abecip, o saldo devedor do SFH está hoje em aproximadamente US$ 25 bilhões.
João Batista Gatti, presidente da Abecip, pondera que a nova fórmula de cálculo é transitória. "Temos que pensar também nos nossos mutuários." (JCO)

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