São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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'O Mundo das Cores' peca pelo simplismo

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

"O Mundo das Cores" tem texto de Carlos D'Oliva e direção geral de Nuno Gallo.
É mais uma peça dirigida a crianças entre quatro e oito anos que bate na tecla da ecologia e do preconceito sem ter o que dizer de importante sobre esses assuntos.
Quase que não há ação. A coreografia é pobre (Néo Rocha assina a direção dos atores).
Não há movimentação elaborada, só muitos pulos e corridas pela platéia.
A atuação dos personagens se resume a diálogos que teorizam sobre as coisas.
A trama é simplificada ao extremo. Lelé, um fantasminha manchado de verde (Lena Silva), é discriminado pelos amigos por não ser branco como eles.
Eis que conhece o Bem-Te-Vi (Anthonelly Magri), que leva Lelé ao Mundo das Cores, onde vive a Rainha Coralina (Eliete Alves).
Segundo o pássaro, Coralina vai resolver o problema de Lelé por meio da mágica do pincel, transformando a cor do fanstasma naquela que o coração dele quiser.
Nesse reino, Lelé ficaria conhecendo "tudo" sobre as cores. "Tudo" são explicações curtas sobre cores primárias e secundárias.
O que salva a pretensa didática do caos é um belo recurso cênico, em que de três torneiras, sem canos aparentes, jorram tintas coloridas. Elas servem para a rainha exemplificar o que vai contando ao público.
Lelé compreende como que por auxílio de magia a cor que seu coração deseja.
Sem maiores informações –não aparecem nos diaólogos, nem são demonstradas em ações–, decide ficar da cor que está, porque verde é a cor da natureza.
É essa a mensagem ecológica. Soma-se a isso um breve diálogo, entre a rainha, Lelé e o Bem-Te-Vi, sobre a importância da natureza.
Quanto ao enredo, o espetáculo parece não compreender o que seja infância.
Não diverte o espectador com uma arte de qualidade. Os diálogos são precários. Apenas toca na periferia dos temas. Não se ouve poesia –ou melodia– nas letras das músicas (Marcos Possato).
A Rainha Coralina exagera na movimentação em cena e imprime ao espetáculo um tom de afetação, que se soma ao sotaque tatibitate de todos os atores.

Peça: O Mundo das Cores
Direção geral: Nuno Gallo
Elenco: Anthonelly Magri, Lena Silva, Eliete Alves e Rosangela Mattos
Onde: teatro Bela Vista (r. Major Diogo, 547, tel. 011/34-3257)
Quando: sábados e domingos, às 17h30
Quanto: CR$ 6.000,00

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