São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Clinton continua fraco em política externa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

As pesquisas mensais que o Instituto Gallup faz para medir a avaliação do público sobre o desempenho do presidente dos EUA mostram desde janeiro constante declínio nas taxas de aprovação no item política externa.
Em janeiro, 54% dos norte-americanos diziam que Bill Clinton estava se saindo bem nas relações internacionais. Em maio, essa porcentagem era de 37% e em junho subiu dois pontos percentuais, dentro da margem de erro.
Essa modesta melhora deve ser atribuída ao imenso esforço de relações públicas empreendido pela Casa Branca durante as comemorações do cinquentenário do Dia D. Muito pouco resultado para tanto investimento.
Política externa sempre foi o ponto vulnerável de Clinton. Na campanha, seu adversário George Bush dizia que tudo o que Clinton entendia sobre outros países havia aprendido na Casa Internacional das Panquecas.
Era um ataque duro, que batia em duas fraquezas do presidente: o desinteresse por assuntos externos e seu apetite voraz (Casa Internacional das Panquecas é uma rede de "fast-food" nos EUA).
Dezoito meses depois das eleições, só 28% dos americanos acham que Clinton é melhor do que Bush nesse ponto específico.
Clinton não conhece nem aprecia política externa. Seu governo vem colecionando fracassos nessa área: Iraque, Somália, Haiti, Bósnia, Ruanda e agora Coréia mostraram o presidente omisso, indeciso, lento ou errático.
Ele faz ameaças que não executa, impõe sanções que não cumpre, se deixa guiar pelos fatos, permitiu que aliados tradicionais dos EUA perdessem a confiança na capacidade de liderança do país.
O máximo que Clinton conseguiu em política externa até aqui foi servir de hospedeiro em setembro de 1993 para a assinatura do acordo de paz entre Israel e OLP, do qual ele só teve conhecimento depois de concluído.
Para a sorte do presidente, a maioria dos seus conterrâneos não tem muito mais interesse do que ele por política externa.
Mas isso pode acabar assim que o público perceber o interesse do país em risco no exterior, como na Coréia, por exemplo, vista por 46% dos entrevistados em pesquisa da rede de TV NBC como um assunto importante.

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