São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Quórum baixo livra mais três da cassação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mais três dos 18 parlamentares acusados pela CPI do Orçamento foram inocentados ontem. Os três tiveram mais votos pela cassação do que pela absolvição, mas o número de presentes era pequeno.
Também nos três casos, a Comissão de Constituição e Justiça (comissão especial, no caso do Senado) havia aprovado o pedido de cassação feito pela CPI em 21 de janeiro último.
No Senado, 63 dos 81 senadores registraram presença na sessão que julgou Ronaldo Aragão (PMDB-RO), mas apenas 56 votaram.
O placar registrou 28 votos pela cassação, 19 contra e 9 abstenções. Para a cassação eram necessários 41 votos.
Na Câmara votaram 372 dos 503 deputados, o que facilitou a situação de Ézio Ferreira (PFL-AM).
O placar foi de 179 votos pela cassação, 175 contra, 5 em branco e 13 abstenções. Eram necessários 252 votos para a cassação.
Ézio Ferriera disse que estava "feliz" e não descartou a hipótese de concorrer à reeleição. "Eu já tinha patrimônio, não precisava de dinheiro do Orçamento", disse.
No julgamento de Daniel Silva (PFL-MA), por volta de 22h30, o placar registrou 171 votos pela cassação, 155 contra, 3 em branco e 11 abstenções.
O presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), prorrogou o prazo de votação por cinco vezes, até conseguir que 340 deputados fossem ao plenário votar. Tinham registrado presença 404 deputados.
Lista negada
O presidente do Senado, Humberto Lucena (PMDB-PB), negou-se a fornecer a lista dos senadores que registraram presença mas não estavam no plenário.
Ele argumentou que a sessão era secreta. O resultado foi divulgado por senadores presentes à sessão.
Os candidatos a vice-presidente José Paulo Bisol (Lula), Darcy Ribeiro (Brizola) e Guilherme Palmeira (Fernando Henrique Cardoso) não votaram.
Bisol, que foi presidente da Subcomissão de Patrimônio da CPI, chegou ao Senado após a votação. Palmeira foi ao seu gabinete e, quando voltou, a votação havia terminado.
O senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), que presidiu a CPI do Orçamento, também chegou atrasado e não votou.
Tentativa de fraude
A Mesa da Câmara constatou que pelo menos nove envelopes estavam com o voto "não" na cabine de votação da cassação de Daniel Silva.
Os envelopes deveriam estar vazios. O deputado que não estivesse atento ao envelope que pegou poderia acabar com dois votos distintos ao inserir o voto "sim". Isto anularia votos pela cassação –o que não ocorreu.

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