São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994 |
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Jirinovski quer a Presidência
JAIME SPITZCOVSKY
Fanfarrão e imprevisível, Jirinovski assustou o Ocidente com suas declarações bombásticas e o resultado positivo nas eleições de 1993. A 14 de dezembro, o governo alemão divulgou declarações de campanha através das quais o líder ultranacionalista criticava "interferência da Alemanha em assuntos russos" e ameaçava Berlim com um "desastre nuclear". O medo tomou conta da Europa. As Bolsas de Valores de Londres e Frankfurt registraram queda naquele dia e o marco se desvalorizou em relação ao dólar. Sinais do que pode acontecer caso Jirinovski chegue ao poder. Mas o perfil folclórico e as declarações descabidas acabam tirando credibilidade desse político que busca aproveitar o sentimento de derrota espalhado pela Rússia em crise. Jirinovski promete expandir as fronteiras russas e resgatar o "orgulho nacional" com ferramentas tão absurdas como a "pistola atômica". Enquanto Jirinovski se envolve em polêmicas como sua suposta origem judaica ou preferências homossexuais, o ex-vice-presidente Alexander Rutskoi mostra mais moderação e conquista mais espaço político. Ele, um inimigo jurado do presidente Ieltsin, promete restabelecer a União Soviética e "resgatar a dignidade do povo russo". Dono de um currículo admirado pela extrema direita, herói da Guerra do Afeganistão e da luta contra o ieltsinismo, Rutskoi voltou à política em fevereiro depois de passar quatro meses na cadeia, acusado de organizar o levante contra o presidente em 1993. Com Rutskoi no poder, o Ocidente vai ter que enfrentar de novo a ameaça do "urso russo". E os neofascistas vão ter um presidente em quem podem confiar. (JS) Texto Anterior: Racistas britânicos sofrem derrota Próximo Texto: Ódio russo ameaça com 'naziczaristas' Índice |
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