São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Alhos com bugalhos

As mais recentes pesquisas Datafolha sobre a intenção de voto para governadores e senadores nos Estados de São Paulo (publicada anteontem) e Minas Gerais e Rio de Janeiro (na edição de ontem) –os três maiores colégios eleitorais do país– sugerem que as campanhas regionais, a pouco mais de três meses do pleito, ainda estão apenas começando e o eleitor não parece muito preocupado em imprimir uma lógica partidária a seu voto.
O primeiro fato que chama a atenção é que o candidato petista à Presidência lidera com folga a principal disputa, mas nem por isso os postulantes do PT aos governos dos Estados vão bem. À exceção do Rio de Janeiro, onde Jorge Bittar disputa com Anthony Garotinho (PDT) a chance de enfrentar Marcello Alencar (PSDB) no segundo turno, os demais candidatos alcançam índices muito pouco expressivos, não ultrapassando os 5%.
E se o PT não vai bem na disputa pelos cargos Executivos regionais, essa tendência se inverte na corrida pelo Senado. Com efeito, em Minas e no Rio, os candidatos petistas Virgílio Guimarães e Benedita da Silva lideram as pesquisas, ainda que dentro da margem de erro. Em São Paulo, Luiza Erundina está em terceiro lugar, estatisticamente empatada com o segundo colocado. Todos os três são nomes conhecidos do eleitorado, já tendo disputado outras eleições majoritárias.
Outro fato a se destacar é que os candidatos que estão na frente na disputa do Executivo estadual exibem uma grande diferença de percentuais nas duas modalidades de pesquisa feitas pelo Datafolha. Na sondagem estimulada –em que se apresenta um cartão ao entrevistado com o nome dos concorrentes–, o candidato favorito em SP, Mário Covas (PSDB), obtém 59%, o que lhe garantiria uma vitória tranquila já no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Já na pesquisa espontânea –em que o eleitor é convidado a declarar seu voto sem nenhuma espécie de estímulo–, seu índice cai para 9%.
Fenômeno análogo ocorre em Minas com Hélio Costa (PP), que cai de 54% para 10%, e no Rio, onde Marcello Alencar vai de 31% para 7%, ficando atrás de Anthony Garotinho (PDT), que tem 9% na espontânea contra 17% na estimulada. Tal discrepância entre os números dos dois tipos de sondagem indica que os principais postulantes ainda não têm sua imagem bastante fixada no eleitorado.
De qualquer forma, as pesquisas sugerem que o eleitor não deverá conferir muita coerência política a seu voto, preferindo escolher os nomes que lhe são mais familiares. Ignorando a questão ideológica, o eleitor transita entre os candidatos de vários partidos com a naturalidade de quem troca de roupas.

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